O preconceito como tradição

Editorial

O preconceito como tradição

A sociedade regional não admite ser preconceituosa. Minimiza comportamentos excludentes, como se fizessem parte da cultura, assim, imutável por natureza. Esse cenário foi exposto pelo projeto “Desvelando o que queremos esconder”, uma pesquisa comandada pela Faculdade La Salle. O estudo…

A sociedade regional não admite ser preconceituosa. Minimiza comportamentos excludentes, como se fizessem parte da cultura, assim, imutável por natureza. Esse cenário foi exposto pelo projeto “Desvelando o que queremos esconder”, uma pesquisa comandada pela Faculdade La Salle. O estudo foi publicado pelo A Hora na edição dessa quinta-feira.
Por mais que se fale de igualdade, as diferenças étnicas, de gênero e classe social interferem na conduta das pessoas. A análise em cinco municípios do Vale mostrou que 75% dos entrevistados não reconhecem o preconceito no cotidiano. Uma informação ambígua, pois o mesmo percentual afirmou que não acredita que o preconceito acabará.
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Neste processo, pode-se compreender que o preconceito tem ligação com a indiferença, o que estudiosos chamam de invisibilidade. Há diversos fatores para isso, desde o histórico, a cultura, os aspectos sociais, religiosos, econômicos e até estéticos, como quando um mendigo dorme no chão e as pessoas passam sem qualquer reação, como se ele fosse um objeto na paisagem urbana.
Em locais onde há fortes traços da imigração europeia, se propaga uma falsa ideia de que se tem um “Brasil diferente”, onde não existem os mesmos traços da formação dos povoados, como se outras etnias, em especial os negros, não tivessem participado dessa história.
Entre todas as informações coletadas na pesquisa, um outro detalhe chama a atenção. O comportamento excludente tem mais relação com o status social do que com aspectos étnicos, religiosos, de gênero ou opção sexual. O fato é que tanto no Vale do Taquari quanto em outras regiões do RS e do Brasil as diferenças sociais interferem na sensação do preconceito. Enquanto famílias mais abastadas responderam que não acreditam haver essa segregação, no outro lado do muro, nos bairros carentes, essa sensação é mais presente.
Pelo estudo, a segregação ocorre em situações comuns. Mulheres, negros, pardos e indígenas convivem com essa diferenciação que, muitas vezes, passa despercebida. Tal condição é auto-explicativa. Está enraizada nas famílias, por isso, banalizada. Faz parte da tradição fazer piada com a mulher no volante, com o negro, ou com o índio.
Romper com esse histórico é um desafio da sociedade. O mundo evolui. As leis, os conceitos de certo e errado se modificam. Uma adaptação necessária frente aos novos tempos. Para conseguir uma sociedade mais justa, igualitária e consciente, o caminho central é a educação.

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