Jornais hiperlocais têm vida longa

Opinião

Adair Weiss

Adair Weiss

Diretor Executivo do Grupo A Hora

Coluna com visão empreendedora, de posicionamento e questionadora sobre as esferas públicas e privadas.

Jornais hiperlocais têm vida longa

Especialistas em comunicação recomendam qualidade de conteúdo e foco às causas locais
Os desafios para os jornais regionais foi o tema do Seminário da Sindijore, em Porto Alegre, nessa terça feira. Com apoio da ADI, o evento trouxe dois especialistas em comunicação: o espanhol Chus del Rio e o brasileiro Eduardo Tessler, ambos experientes e profundos conhecedores de jornais no Brasil e no mundo.
O primeiro pertence ao grupo do jornal La Rioja e do site NueveCuatroUno, mas com passagem por El País e outros periódicos importantes da Espanha e fora dela. Ele mostrou como La Rioja se mantém relevante e sustentável faz 128 anos em uma região de apenas 350 mil habitantes.
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Destacou a inovação tecnológica como aliada para conquistar novos leitores e reforçou a produção de conteúdo relevante. “É essencial atentar aos assuntos hiperlocais, da cidade, do bairro. E assumir causas da comunidade onde atua”.
O periódico espanhol se caracteriza pela produção de cadernos no agronegócio, na cultura, nos negócios locais e demais assuntos inerentes a seus habitantes.
A palestra de Chus confirmou a aposta do jornal A Hora que se envolve e assume bandeiras regionais, com publicações especiais para leitores mais exigentes. “Jornal impresso atual não pode só trazer notícia de ontem”, alertou. Precisa fazer análise e trazer opinião. Os fatos por si só, esses a internet, a TV e o rádio já esgotaram. Chus recomenda linha e senso críticos aos jornais. Não podem ficar em cima do muro e apenas relatar fatos que acontecem. Devem assumir posição, opinião e ter colunistas isentos para influir na sociedade além do trivial.

Frase do vice-presidente da Amedia, um dos maiores conglomerados de mídia da Noruega, embasou  palestrantes para traduzir a importância do jornal impresso. 530 mil assinantes no papel e com 130 mil usuários on-line em três anos.

Frase do vice-presidente da Amedia, um dos maiores conglomerados de mídia da Noruega, embasou palestrantes para traduzir a importância do jornal impresso. 530 mil assinantes no papel e com 130 mil usuários on-line em três anos.


A mesma linha defende Tessler. Ele foi correspondente internacional e participou da recente mudança nos jornais do Infoglobo, que fundiu as redações dos três jornais e do digital. “O jornalismo relevante prevalerá. E não há uma receita única para todos”. Considera a singularidade vital para os negócios. Ser mais que um jornal. Os jornais precisam ser produtores de conteúdo e auxiliar a resolver problemas da comunidade.
O recado também foi para os jornalistas e demais profissionais. “Tirar a bunda da cadeira, andar na rua, conversar com as pessoas, seja da redação, comercial ou pessoal de assinaturas”. O engajamento para entender a necessidade das pessoas é fundamental para adquirir o respeito do leitor.
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O aspecto da confiabilidade é o grande valor dos jornais, na opinião dos especialistas. Com a onda e bombardeio de notícias falsas nas redes sociais ou mesmo nos sites sem responsabilidade, os jornais assumem papel imprescindível na comunicação. “Como documento, o impresso tem ainda mais poder e credibilidade. Precisa ter coragem para arriscar-se e estar pronto para errar, pois isso é inevitável”, disse Tessler, ao lembrar as inúmeras tentativas e erros do The New York Times, hoje líder em audiência, com dois milhões de assinantes além do impresso.
Ao mesmo tempo, flexibilizar, modernizar e quebrar paradigmas na diagramação são essenciais. “O jornal precisa ser bonito e bem acabado, atraente”. Reformular o modelo gráfico, comercial e criar projetos ou produtos exclusivos. Os estúdios de conteúdo, clubes de assinantes e as alianças com setores estratégicos da sociedade corroboram para a sustentabilidade dos jornais, os quais devem prestar serviços cada vez mais eficientes. “Achar que basta imprimir notícias no papel já era”. A ordem é envolvimento.
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O estudo da audiência igualmente é chave para saber o que entregar ao leitor e anunciante. Conhecer e saber quais as necessidades do nosso cliente se faz necessário para não investir no incerto e queimar dinheiro. “Não adianta empurrar conteúdo que o leitor não quer ler”, alertou Tessler.
As pessoas pagam para ter conteúdo relevante e que importa no seu dia a dia.

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