A crise política que assola o país alcançou novo patamar. Protestos convocados pela centrais sindicais pela deposição do presidente resultaram em depredações e cenas de violência em Brasília.
O protesto reuniu cerca de 35 mil pessoas, conforme a Polícia Militar. Começou às 11h30min e seguia pacífico até por volta das 14h, quando parte dos ativistas tentou furar o cordão de revista policial. Houve confusão e os manifestantes conseguiram atravessar o bloqueio.
Mascarados incendiaram a parte interna dos prédios dos ministérios da Fazenda, do Planejamento e do edifício que reúne as pastas de Cultura e Meio Ambiente. O confronto com a PM resultou em vários feridos e obrigou o hemocentro de Brasília a solicitar doações de sangue.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, quatro pessoas foram detidas e uma ficou ferida por arma de fogo. A confusão resultou na evacuação dos prédios da Esplanada dos Ministérios e motivou o encerramento dos trabalhos no Congresso.
Ministro da Defesa, Raul Jungmanm anunciou a convocação das Forças Armadas para proteger os demais prédios públicos da capital. A convocação, por decreto, foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União.
Conforme o texto, a área de atuação para o emprego das Forças Armadas será definida pelo Ministério da Defesa de hoje até o dia 31 de maio.
Versões conflitantes
O início do confronto entre manifestantes e a polícia dividiu opiniões no parlamento. Integrante do ato, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) afirma que a confusão começou quando um grupo de 20 manifestantes atirou pedras em direção à polícia, que revidou com dezenas de bombas de efeito moral.
Segundo ele, a organização pediu para que as pessoas se afastassem da grade onde começou o confronto no momento em que a polícia começou a atirar as bombas. Para o parlamentar, a intenção dos policiais não foi garantir a segurança das pessoas, e sim impedir a realização do ato.
No plenário da Câmara, Efraim Filho (DEM-PB) rebateu as críticas, dizendo que a polícia também foi agredida pelos manifestantes. Ele tentou pedir aos parlamentares que não interrompessem a sessão, mas uma briga entre defensores e opositores do governo fez o presidente da sessão, deputado André Fufuca (PP-MA), encerrar os trabalhos.
Greve e bloqueios
Morador de Brasília, o lajeadense Bruno Salvatori relatou o clima vivido na capital federal. Segundo ele, a cidade ficou totalmente parada devido a uma greve dos transportes públicos e aos bloqueios realizados pela Polícia Militar na Esplanada.
“Muita gente nem saiu de casa, porque os ônibus só voltara a circular no fim da tarde”, alega. Segundo ele, para a população que não se deslocou ao epicentro dos protestos não houve maiores transtornos.