O Clube Tiro e Caça sediou ontem a segunda edição do Jantando com Agas realizada em Lajeado. Promovido pela Associação Gaúcha de Supermercados, o evento trouxe para a região uma oportunidade para fornecedores e supermercadistas iniciarem relacionamentos, estreitarem laços e fecharem negócios.
À tarde, 23 fornecedores participaram da rodada de negócios com representantes do varejo. De acordo com a associação, o evento teve um formato simples, sem a montagem de estandes, para não representar custos elevados aos expositores.
Donos da PVL, indústria de cosméticos e perfumaria com sede em Porto Alegre, Paraguassú Vieira Lannes e Silvestre Stein trouxeram para Lajeado aromatizantes, neutralizadores de odores, repelentes e produtos da linha pet. De acordo com Lannes, a participação no evento visa ingressar no mercado do Vale do Taquari.
“Participamos do evento anterior, em Santa Maria, com excelentes resultados e esperamos o mesmo aqui”, afirma. Segundo ele, mesmo quando não resulta em vendas instantâneas, o contato com os clientes abre as portas para negócios futuros.
Conforme o empresário, o setor ainda enfrenta os reflexos da crise econômica, que obrigou as empresas a se readequarem. Lembra que entre gastar com produtos alimentícios ou perfumaria, as famílias sempre optam pela primeira opção. “Nós buscamos compreender os limites de gastos dos consumidores e criamos produtos voltados para essa realidade.”
Segundo ele, a PVL realizou fortes investimentos em inovação, em especial em embalagens menores, que permitam a venda dos produtos em um valor mais em conta. “Reduzindo o custo dinal do produto, nosso consumidor pode continuar comprando.”
A empresa ainda buscou se conectar com conceitos modernos, por meio de produtos ambientalmente corretos, e a apostar em uma linha para animais de estimação. Conforme Lannes, o mercado de pets é um dos com maior potencial de crescimento. “Somos o terceiro país do mundo que mais gasta com animais de estimação, e um mercado que movimentou R$ 16 bilhões no ano passado.”
Assistente comercial da ervateira Baldo, Cesar Bagatini afirma que o evento serve para ampliar a participação da marca no mercado nacional. Segundo ele, a Baldo sempre teve a produção voltada para a exportação, com grande representatividade no Uruguai.
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Em 2016, explica, a empresa percebeu a oportunidade de trazer o produto também para o mercado local. “Não foi uma movimentação motivada pela crise, e sim porque percebemos uma lacuna no mercado de erva-mate”, aponta. Conforme Bagatini, brasileiros em visita ao Uruguai conheceram o produto e passaram a solicitá-lo.
Inovação constante
Representante da Florestal Alimentos, Marciano Alves da Rosa trouxe para a rodada de negócios sucos e refrigerantes da linha Rockabilly, doces da marca Boavistense e cervejas das marcas Tchê e Rockabilly. Segundo ele, o momento é importante por permitir conversas com os varejistas em um ambiente mais descontraído.
“No dia a dia, não temos esse tempo para sentar, conversar e apresentar os produtos com calma”, ressalta. Conforme Rosa, o foco para a feira deste ano é a inovação, com o lançamento de produtos diferenciados como uma linha de refrigerantes com sabores inspirados em sucessos norte-americanos.
“O mercado cobra novidades”, ressalta. Para ele, diante de um cenário em que a informação circula muito rapidamente, a inovação se torna uma necessidade constante. Lembra que a Florestal realiza em média um lançamento por mês.
De acordo com a supervisora da Florestal, Fabiana Bottoni, a crise trouxe consequências que não devem ser ignoradas pelo setor, mas também serve para observar novas oportunidades. “Olhamos sempre o mercado, a fatia que já possuímos e o quanto podemos avançar no nosso segmento.”
Conforme Fabiana, a estratégia para enfrentar os momentos de dificuldade é se valer das marcas tradicionais da empresa, que tem mais de 50 anos de reconhecimento, ao mesmo tempo em que cria produtos inovadores de forma constante.
Retomada do crescimento
A Agas divulgou em abril os resultados do setor supermercadista em 2016. Após queda nas vendas em 2015, no ano passado, as 252 maiores companhias do RS apresentaram alta de 9,7%. Descontada a inflação, o resultado representa um aumento real de 3,4% na comercialização de produtos.
Para o presidente da Agas, Antônio Cesa Longo, o estudo mostra a adaptação do varejo ao novo perfil de consumidores, que perderam poder de compra com a crise. Juntos, os supermercados do RS registraram um faturamento bruto de R$ 28,7 bilhões em 2016, representando 6,9% do PIB do estado.
Escola móvel
Até sexta-feira, 26, a Agas promove cursos gratuitos na unidade móvel da entidade, estacionada no pátio do Desco Atacado, no bairro Americano. Ontem e segunda-feira, as formações foram ministradas por Luiz Carlos Jantzen, que falou sobre açougue, cortes especiais e qualidade na desossa.
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Hoje é a vez de Fabiano Soares falar sobre mix de sucesso para padarias e confeitarias. Na quinta-feira, o facilitador Rainer Telini ministra o painel Formação de cartazistas. Amanhã Janer Costa encerra a programação com a aula Transformando atendentes em vendedores.
“A crise não cessou”
A Hora – O que o Jantando com a Agas proporciona para o Vale do Taquari?
Antônio Cesa Longo – Estamos na região buscando um relacionamento ainda maior e proporcionando ao pequeno fornecedor a participação em uma rodada de negócios e também no jantar onde reunimos o setor. O Vale do Taquari é um polo em diversos segmentos e queremos apresentar essa riqueza aos supermercados do Estado. Nesse momento de dificuldade que todos nós vivemos, queremos criar oportunidades, especialmente para as pequenas e médias empresas da região.
É o segundo ano consecutivo que o Vale do Taquari sedia o Jantando com a Agas. Qual a representatividade do setor supermercadista da região?
Longo – Representa quase 8% do faturamento do setor no Estado. Mas principalmente por esses polos importantes, em higiene, limpeza, perfumaria e alimentação. São segmentos que agregam muito valor ao varejo e para os quais esses momentos onde o cliente pode experimentar, sentir os produtos são fundamentais.
Após um período de quedas, o setor supermercadista começou a mostrar sinais de crescimento. Qual a sua avaliação sobre o momento econômico que vive o segmento?
Longo – A crise não cessou. Os dados positivos ocorrem em função de uma base muito ruim apresentada nos anos anteriores. O momento é de muita cautela, de entender o consumidor para que realmente proporcione o que o cliente espera. As pessoas estão precisando comprar mais com menos. Esse é o momento do varejo ter mais eficiência, reduzir perdas e quebras, porque o consumidor não paga mais o custo e o ônus da ineficiência.
A regionalização dos encontros da Agas faz parte da estratégia de combate a essa crise? Como o setor está se adequando a essa nova realidade?
Longo – As entidades tem o compromisso de fomentar os negócios e alavancar regiões onde os potenciais existem, mas muitas vezes ficam escondidos. Nosso objetivo é colocar essas empresas na vitrine onde estão os supermercados. O setor está adequado e vem ouvindo o recado do consumidor faz muito tempo. O recado foi dado pelos clientes e as empresas estão preparadas para isso.