Rotulagem de alimentos e inovação foram os temas das palestras do segundo dia da Jornada de Alimentos. O evento encerrou na sexta-feira e superou as expectativas dos organizadores. O encontro teve o objetivo de reunir empreendedores e ser um marco para a qualificação da indústria do setor. No último dia, a Rodada de Negócios estimulou a criação de parcerias.
De acordo com Gilberto Soares, o encontro aproximou instituições de ensino e empresariado. “Acredito que vamos fazer acordos inéditos para o futuro.” Segundo ele, o envolvimento da academia na orientação aos produtores foi positivo.
A jornada foi consolidada sem recursos públicos. A intenção, a partir da próxima edição, é ampliar as parcerias e direcioná-la para um contexto estadual e nacional. “Estamos há quase dois anos trabalhando nesse projeto e tudo ocorreu dentro do que traçamos. Agora precisamos manter essa proposta trazendo mais parceiros.”
Segundo ele, o objetivo é estimular a integração com o expositor e com aqueles que podem comprar. “Esse fluxo permite que os investimentos na feira sejam maiores.”
Soares adianta que para próxima edição o evento será modulado com temas mais específicos. “Vamos manter o tema segurança alimentar, com outras palestras. Podemos entrar em temas mais específicos como exportação. Chegamos a pensar em trazer esse debate, mas deixamos fora.”
Assuntos ligados à inovação e legislação devem ser mantidos. Segundo Soares, esses aspectos passam por mudanças frequentes e estão na vida do negócio.
Importância econômica
A identidade regional está ligada à produção de alimentos. Os números comprovam cada vez mais a força e vocação do Vale tanto na atividade primária quanto no setor de beneficiamento. No campo ou na cidade, o segmento tem uma importante relação na geração de emprego e renda.
Mais de 45 mil pessoas dependem da cadeia
A diversidade produtiva fundamenta a indústria alimentícia da região como uma das principais do RS. Ao mesmo tempo em que diminui o risco de crises e, por consequência, a falência de empresas, garante a subsistência familiar. Hoje 82% da economia regional provém do campo.
De todas as indústrias locais, a produção de alimentos representa 70% do setor. No quesito leite, por exemplo, em todos os 36 municípios do Vale, há famílias dependentes da cultura. De toda a produção do RS, a região tem uma representatividade de 10%.
Sorvete, balas e pirulitos, chocolate e refrigerantes são alguns dos itens da região que ganham o estado, país e o mundo. Uma das maiores fábricas de refrigerantes do RS está localizada em Lajeado. Três das cinco principais empresas de sorvetes do estado ficam na região.
No agronegócio, o Vale tem duas das principais empresas do RS: Languiru e Cosuel. Juntas, as cooperativas têm mais de oito mil associados.
Espaço de negócios
Na manhã de ontem, expositores apresentaram seus produtos. Em seguida, um espaço foi destinado para Rodada de Negócios.
Erva-mate: parte atua na ilegalidade
Depois a engenheira da Emater, Bruna Bresolin, fez palestras sobre a implantação das boas práticas de fabricação para legalização das ervateiras no RS. Conforme ela, foram identificadas mais de 200 ervateiras gaúchas. Parte desse número atua na informalidade.
Esse diagnóstico levou à formação de um grupo de trabalho. A equipe listou os pontos críticos de processamento. Os dados resultaram na publicação de uma portaria, em 2016, com a exigência de um responsável técnico com curso de boas práticas de fabricação em erva-mate em todas as empresas.
Inovação
Durante a tarde, os empreendedores participaram de Seminário de Inovação. A primeira palestrante, a doutoranda da Unisinos, Daiana Souza, abordou os aspectos técnicos da rotulagem. Na avaliação dela, além de atender os requisitos determinados em lei, é fundamental ampliar e especificar as informações para o consumidor.
Segundo Daiana, estudos mostram que o consumidor não compreende os dados presentes no rótulo e nas informações nutricionais. Esse comportamento, aliado à ruptura pelos produtos industrializados, afasta o consumidor a aceitar determinado produto.
Na avaliação dela, a indústria precisa pensar em uma linguagem mais atrativa ao consumidor. “Transparência é fator chave para religar o consumidor ao alimento industrializado.”
“Precisamos levar informações de forma simples, claras e precisas. Conhecer o público-alvo e comunicar da melhor forma possível é fundamental.” Conforme Daiana, as informações não devem induzir o consumidor ao erro. Para isso, não podem destacar, por exemplo, a ausência de conservantes na composição. “Mas o produto pode trazer dados explicativos sobre a forma de conservação.”