Casar com os pés no chão

Fala, Doutor

Casar com os pés no chão

Chuva de arroz à vista: nervosismo em excesso pode ameaçar o momento da noiva

Casar com os pés no chão

A psicóloga Rebeca Katz concorda que pode existir muita ansiedade frente ao casamento, aos preparativos da festa, mas convida o leitor do caderno Você a pensar além do que ela própria define como a “ponta do iceberg”. Ansiedade, segundo a definição da especialista, é um excesso de sentimentos com o qual não conseguimos lidar. Ela pode aparecer perante a quantidade de tarefas pelas quais a noiva precisa estar atenta: lista de convidados, escolha do lugar perfeito e padrinhos ideais, etc – ou ainda por questões fora do cenário matrimonial.

Esqueça a ideia de rever todo o planejado nas últimas 24 horas. Relaxar é o mais indicado

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Quando uma pessoa procura ajuda, muitas vezes, chega ao consultório do psicólogo com a afirmação de que não sabe bem o que está sentindo, afirmando um desconforto enorme. Pode ser ansiedade. Isso dependerá do histórico de cada um. No caso das noivas, a influência dos exemplos de outros casamentos ou mesmo a idealização de um momento perfeito costumam ser o estopim. “O menos importante é o dia do casamento frente a uma vida inteira que o casal vai dividir”, afirma a psicóloga.

Inegavelmente o ritual de casamento tem grande importância para a sociedade, mas é necessário identificar até onde a expectativa de outros influencia nas escolhas do casal. A data pontual marca um novo momento de compromisso, de responsabilidades. O ideal, segundo Rebeca, é que o casal participe em conjunto de todas as tarefas pré-matrimoniais. Afinal, casamento marca a celebração do companheirismo e esse é um bom momento para identificar se aquela pessoa será mesmo parceira na alegria e na tristeza, na saúde e na doença.

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A especialista defende que a padronização não é bem-vinda. “Há casamentos em que o homem faz a festa inteira, mulheres que se envolvem mais, ou menos. Importante tirar as pessoas da rigidez do
conservadorismo para que elas não se preocupem tanto com o que sociedade impõe. O belo não é restrito ao socialmente aceito”, provoca.

Cuidado com a boca. Nada de xingar o noivo ou familiares por causa do nervosismo

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Por mais que a festa de casamento gere ansiedade, os sintomas em cada um aparecem de formas diferentes. Pode ser por meio de um medo intenso, apetite a mais ou a menos, sono descontrolado, agitação intensa ou ausente. “Devemos ficar de olho nos excessos”, afirma Rebeca. Identificar uma ansiedade é relativamente fácil, basta dar vazão aos sentimentos e ligar o sinal de alerta quando algo está fora do compasso. Importante para tratar esse transtorno é identificar a válvula que aciona a angústia. “Somos seres humanos construídos por experiências. Os livros que lemos, pessoas que conhecemos. Padronização gera desconforto pois é impossível se encaixar exatamente no que é defendido com base na ilusão”, confirma Rebeca.


Desmitificar a fantasia

O momento da troca de alianças pode parecer cheio de magia para a noiva, mas é importante manter o pé no chão e lidar com a realidade. A mulher acaba sendo muito exigida por um padrão de perfeição atordoante. É mais do que natural se sentir ansiosa com a eminência do casório, o que deve ser evitado é a idealização do momento, a ponto de que qualquer detalhe que saia fora do planejado se transforme em sinônimo de dor e sofrimento. O compromisso gera ansiedade, assim como muitas outras decisões da vida. “O sofrimento é aumentado perante a força social do casamento. Está tudo muito enraizado no imaginário das pessoas”, defende Rebeca.

A psicóloga concorda que é bonito se envolver com a festa, os detalhes, mas nunca perdendo de vista que será um momento real. Que vai tangenciar a idealização em diversos momentos. É aí que a cinderela dá espaço para a mulher de verdade, aquela que não desmoronará na primeira briga de casal e lidará com o dia a dia sabendo que a rotina com o companheiro será repleta de desafios.

O melhor do casamento é a possibilidade de festejar o fato de que ambos querem viver juntos e dividir suas individualidades, independentemente da cor, credo ou escolhas pessoais. O assunto fica mais leve – e deveria ser sempre encarado dessa forma – quando é tratado como relação, não exclusivamente como instituição. Seja  clássica ou contemporânea, a festa vai terminar, e o sucesso da ocasião não é uma certeza de que a pasta de dente permanecerá sempre fechada ou de que a tampa do vaso repousará, todos os dias, sobre a louça. Saber disso e fugir da idealização é meio caminho para o sucesso do casamento.

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