Lava-Jato avança e encurrala o governo

Editorial

Lava-Jato avança e encurrala o governo

A Operação Lava-Jato continua impiedosa e se fortalece como mecanismo contumaz para combater a corrupção no Brasil. Avante! Ainda que resvalos e exageros tenham sido cometidos ao longo destes anos todos de investigação, os acertos são infinitamente maiores e o…

oktober-2024

A Operação Lava-Jato continua impiedosa e se fortalece como mecanismo contumaz para combater a corrupção no Brasil. Avante! Ainda que resvalos e exageros tenham sido cometidos ao longo destes anos todos de investigação, os acertos são infinitamente maiores e o serviço prestado ao Brasil não tem precedentes.
Os episódios recentes, que atingiram com força mais uma leva do alto escalão de Brasília, são exemplo clássico. Desta vez, Michel Temer, o presidente tampão, e o senador Aécio Neves aparecem em denúncias e gravações devastadoras.
Pouco mais de um ano depois do impeachment, a aguardada estabilidade política não aconteceu e a delação premiada da JBS encurralou o chefe do Planalto. As condições de governabilidade e a possibilidade de continuar à frente da nação se esvaem com as denúncias que correm o país e o mundo.
Mesmo com a gravidade dos fatos, Michel Temer decidiu não renunciar ao cargo, ainda que essa seria, aparentemente, a melhor decisão a ser tomada a favor do Brasil. Mas Temer preferiu resistir, tentar provar sua inocência e continuar gozando do foro privilegiado, visto que já foi denunciado no STF.
Os fatos e rumos da Operação Lava-Jato desnudam uma verdade inconveniente. Cada novo ato assemelha-se mais a um roteiro de seriado norte-americano, um tapa na cara da sociedade. Seja qual for o partido, especificamente nas grandes siglas como PMDB, PSDB, PT, PP, há relações espúrias. A sede pelo poder ultrapassa os limites éticos e legais.
O alto escalão político do país dita os rumos a partir de interesses pessoais e oportunistas. As manifestações de parlamentares da base de apoio após o pronunciamento do presidente retratam a triste realidade.
A frágil economia do país, no cenário pré-divulgação do encontro de Temer com Joesley, dava sinais de recuperação. Nesta semana, durante a Marcha dos Prefeitos, números apontavam índices positivos na geração de emprego, mais otimismo por parte dos investidores e a expectativa de fechar o ano com uma inflação abaixo dos 4 pontos.
Mas ainda era pouco para euforia, como trouxe editorial publicado nessa quarta-feira. Dia depois do “estouro” de Brasília, cabe a remissão. “A instabilidade política ainda interfere no comportamento dos investidores, apesar das sinalizações de reformas que agradam o mercado, a fragilidade nas relações políticas e a chance de mais nomes fortes do governo aparecerem nas investigações da Lava-Jato, podem interferir nesse quadro.” No mercado internacional, o impacto foi imediato. Logo após o pronunciamento de Temer, o dólar comercial teve alta de 8,3%, cotado em R$ 3,39, e a bolsa brasileira caiu 8,8%.
Neste novo momento de crise política, os números mostram que se acentuou o risco de o país entrar em um novo ciclo recessivo. Ao longo do dia, foi preciso recorrer ao circuit breaker, mecanismo que trava as negociações em caso de instabilidade no mercado. Essa foi a primeira vez desde 2008 que a ferramenta precisou ser usada.
Diante de tamanhas denúncias e instabilidade, precisam ser ignoradas as paixões e emoções ideológicas e partidárias para manter a ordem e viabilizar a continuidade de trabalho das polícias, MP e Judiciário. A Operação Lava-Jato mais uma vez se confirma isenta. É sobre ela que a sociedade brasileira continua depositando a esperança e a confiança para varrer a corrupção que corrói os cofres públicos do país.

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