Os Guarani Mbyá: para imergir  sapa(o) e emergir sereia(o)

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Os Guarani Mbyá: para imergir sapa(o) e emergir sereia(o)

A exposição de fotografias do porto-alegrense Daniel Christidis, resultado do trabalho junto com o cacique Vherá Poty, apresenta algumas imagens feitas durante anos de contatos com indígenas de várias aldeias no RS. As incursões podem ser acompanhadas, também, em um…

oktober-2024

A exposição de fotografias do porto-alegrense Daniel Christidis, resultado do trabalho junto com o cacique Vherá Poty, apresenta algumas imagens feitas durante anos de contatos com indígenas de várias aldeias no RS. As incursões podem ser acompanhadas, também, em um livro com o mesmo título da mostra apresentada no Sesc/Lajeado: “Os Guarani Mbyá”.
Conferi as assinaturas do livro de presenças no segundo dia, logo depois da inauguração. Rapidamente, identifiquei nomes de pessoas ligadas à temática, especialmente acadêmicos e formados na área de História. Certo que satisfaz, mas não é “chover no molhado”?
Falando nisso, o evento Direita(s), esquerda(s) e apropriação dos discursos de Direitos Humanos LGBT (3/5/2017), organizado pelo Núcleo da Diversidade do DCE/Univates, durante o qual foi exibido o filme Antes do Anoitecer (2001), seguido de brevíssimo debate introdutório, mais para saber se os estudantes da Univates estariam dispostos a dialogar e não somente a compartilhar besteirol nas redes, redundou nisso: choveu no molhado. Permanecemos no respaldo e na autocrítica, porque compareceu somente a esquerda e a “esquerda”. Talvez seja revelador.
Voltando, em cidades como Lajeado e Estrela, ambas com aldeias, ainda não se aprendeu o valor da diferença (curiosamente, Lajeado se destaca na área cultural, conforme pesquisa da Fundação Getúlio Vargas detalhada no A Hora de 6/5/2017).
Exceção feita, registre-se, às pontas de flecha e às urnas funerárias de indígenas, artigos expostos em alguns “museus” locais, provavelmente nos dizendo que as pessoas esperam as culturas sucumbir para depois dizer: “ai, que bonito”. Em lugares assim, a exposição ganha em relevância.
Para reafirmar essa importância, não apresentarei dados técnicos, esses podem ser conferidos em texto de José Otávio Catafesto de Souza, licenciado em História pela UFRGS, nas paredes da sala do Sesc e em buscas no Google. Nem vou me ater à beleza das fotos, porque o “fantástico” e o “excepcional” são sempre objetos de admiração e isso pode ser um empecilho, quando as pessoas têm dificuldades para transpor os “recados da arte” para as situações do cotidiano.
Basta atentar para a simplicidade e a autenticidade perceptíveis nas rugas e nas peles curtidas de sol, nos sorrisos das crianças, nas cuias de chimarrão, naquilo a nos dizer: “sim, seres humanos”. E nada nos têm faltado mais do que o óbvio.
Quem for um dos tantos a entender a presença dos caingangues no Vale do Taquari somente através daquelas postagens mal elaboradas na internet, resumidas à repercussão das mazelas (casos de violência, crimes, uso de drogas), coisas comuns a todas as sociedades, replicadas como se fossem restritas aos indígenas ou suficientes para desmerecer suas demandas, trata-se de oportunidade para imergir sapa(o) e emergir sereia(o). Corre lá.
Jandiro Adriano Koch
Diretor do Núcleo da Diversidade do DCE/Univates
jandirokoch@gmail.com

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