Sinal positivo ou alarme falso

Editorial

Sinal positivo ou alarme falso

Os dados do Ministério do Trabalho sobre a geração de postos de trabalho com carteira assinada indicam a volta das contratações em abril. Números apresentam uma tendência de recuperação econômica no país, com mais otimismo por parte dos empreendedores, queda…

oktober-2024

Os dados do Ministério do Trabalho sobre a geração de postos de trabalho com carteira assinada indicam a volta das contratações em abril. Números apresentam uma tendência de recuperação econômica no país, com mais otimismo por parte dos empreendedores, queda nos juros e, ao que se espera, uma inflação abaixo dos 4% para o fim do ano.
Como a luz de um farol em uma noite de tempestade. Essa analogia serve para ilustrar o discurso do governo federal perante os dados. Conforme o Caged, o saldo das admissões menos demissões foi positivo em 59.856 postos. No mesmo mês de 2016, mais de 62 mil postos foram fechados. Abril foi o segundo mês do ano com abertura de vagas. Em fevereiro, o resultado havia sido de 35 mil vagas criadas.
Esse comportamento do mercado de trabalho, junto com a análise do Banco Central sobre o crescimento do país 1,12%, segundo o IBC-Br (uma prévia do PIB), pode ser interpretado como uma gradual saída do cenário de recessão. A volta do otimismo também precisa ser vista com cautela. A instabilidade política ainda interfere no comportamento dos investidores, apesar das sinalizações de reformas que agradam o mercado, a fragilidade nas relações políticas e a chance de mais nomes fortes do governo aparecerem nas investigações da Lava-Jato, podem interferir nesse quadro.
No Brasil dos extremos, a soma total foi positiva. Só o setor da construção civil teve decréscimo no número de contratados. Ao direcionar a lupa para o RS, a realidade é outra. O saldo foi negativo em mais de três mil vagas. Duas atividades puxaram essa condição: agropecuária e o comércio.
A primeira pode ser interpretada como sazonal, devido ao fim da safra de verão. Já o comércio, tem relação com o consumo. Mesmo com a liberação das contas inativas do FGTS, o segmento vem de dois anos de quedas. Esse comportamento também aparece no Vale do Taquari, com o fechamento de 40 postos no setor em abril.
Entre os sinais positivos da economia, importante frisar que o primeiro semestre tem como carro-chefe a agricultura. Pelos cálculos do IBGE, haverá um crescimento de 26% na produção de grãos. Como alerta, fica a certeza de que nos últimos seis meses do ano os resultados serão menores. A tendência é para uma estagnação, com chance de queda no consumo de bens duráveis e no varejo, pois termina entre agosto e setembro a retirada do residual do FGTS.
Entre a certeza de tempos melhores e a dúvida de quando a nação sairá do atoleiro em que se encontra, ainda há um caminho longo até a estabilidade e recuperação econômica.

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