Imagem aguça discurso de ódio

Editorial

Imagem aguça discurso de ódio

A divulgação de um vídeo com uma briga entre estudantes de Lajeado impacta sobre a comunidade e provoca uma série de manifestações. Como de costume, os usuários das redes sociais emitem opiniões como se fossem sentenças judiciais. Dizem o que…

oktober-2024

A divulgação de um vídeo com uma briga entre estudantes de Lajeado impacta sobre a comunidade e provoca uma série de manifestações. Como de costume, os usuários das redes sociais emitem opiniões como se fossem sentenças judiciais. Dizem o que e como resolver problemas como esse. Como se bastasse uma atitude para estancar a violência dentro do ambiente escolar.
Uma situação complexa não se resolve com expulsão das envolvidas, muito menos com corretivos como um “relhaço”. Conflitos dentro das escolas são comuns. Ganham mais repercussão na medida em que hoje qualquer pessoa tem uma câmera na mão. Em vez de ouvir, as famílias recebem as imagens em casa.
Essa é a peculiaridade nos dias que se seguem. As fronteiras foram desfeitas. As informações estão disponíveis a um toque e a reação é imediata, por vezes, sem a reflexão necessária antes de emitir a opinião.
Mais do que apontar culpados, a propagação do vídeo submete a discussões fundamentais para a sociedade. A primeira evoca a necessidade de interferir nessa espiral da violência nas escolas, com ações pontuais para reduzir as ocorrências. A outra é o impacto da tecnologia da informação no cotidiano das pessoas.
Tendo em vista que os debates sobre os fenômenos sociais estão cada vez mais submersos no espectro virtual, é preciso contemporizar essa “viralização” dos acontecimentos. Para entender esse novo ambiente, teóricos da comunicação criaram o conceito de midiatização. Em resumo, consiste na interferência dos meios digitais na vida das pessoas. O processo transforma a relação entre grupos e indivíduos, antes resumida a locais como a conversa nas praças, restaurantes, grupos de discussões e outros.
A internet é, e sempre deve ser, um ambiente livre. Mas isso não significa uma terra sem lei. O que vale para a convivência nas ruas, a gentileza, o respeito e o bom senso, também precisa ser aplicado nas redes sociais.

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