Debate e jornada  reforçam identidade do Vale dos Alimentos

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Debate e jornada reforçam identidade do Vale dos Alimentos

Principal componente da economia regional, a produção alimentícia suscita iniciativas que visam organizar a cadeia e transformar o Vale do Taquari em referência de excelência no setor. A primeira delas ocorre na próxima semana, com a jornada técnica AlimentaAçãoRS.

Debate e jornada  reforçam identidade do Vale dos Alimentos
Vale do Taquari

O evento ocorre entre os dias 18 e 19, no Hotel Weiand, em Lajeado, com a pretensão de ser um marco para a qualificação da indústria do setor. Na programação, estão incluídas palestras com especialistas de renome, rodadas de negócios e a interação entre fornecedores e fabricantes.

De acordo com o coordenador do AlimentaçãoAçãoRS, Gilberto Soares, a Jornada Técnica representa o início de uma discussão regional sobre o tema. “Os números dizem que somos uma região produtora de alimentos. Deveríamos ter projetos e estratégias voltadas para a consolidação dessa cadeia.”

Conforme Soares, 80% da economia da região gira em torno da produção de alimentos. Ao todo, 70% das indústrias da transformação do Vale trabalham com produtos alimentícios. Diante desse cenário, ressalta a necessidade de transformar a região em referência no mapa do setor.

“É a única forma de atrairmos novos investimentos, sejam em termos de recursos para projetos ou da atração de novas indústrias”, alega. Segundo ele, a jornada é primeiro passo para concretizar a ambição de transformar a região no Vale dos Alimentos.

“Temos que reunir o setor e chamar a atenção do estado e do país para cá”, aponta. Entre as estruturas capazes de alavancar a cadeia produtiva, destaca a atuação da Univates, em especial por meio do Centro Tecnológico (Tecnovates).

De acordo com Soares, a instituição compartilha da convicção de que o fortalecimento da cadeia produtiva dos alimentos é um dos caminhos para o enriquecimento da região. “Todos os parceiros da região estão convictos da necessidade de trabalhar para isso.”

Conforme o coordenador do evento, uma das dificuldades enfrentadas pelo setor é a ausência de informações concretas capazes de apresentar um raio-x de toda a produção. “Teríamos soluções muito mais rápidas. Como vamos atender as demandas se não sabemos quais são?”

Para Soares, a ausência de organização reduz a força política do segmento. Ressalta a existência de empresas fundamentais para a produção estadual, mas que não são aproveitadas enquanto eixos do desenvolvimento regional.

“Isso é uma perda, que devemos evitar a partir do momento que tivemos uma organização e criarmos sistemas de discussões permanentes”. Acredita. Conforme o coordenador, o Vale vive situação semelhante a da Serra Gaúcha antes da organização da cadeia da uva e do vinho.

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Inspiração para o desenvolvimento

A região conhecida como Vale dos Vinhedos era muito diferente 30 anos atrás. De acordo com Soares, existiam informações sobre a produção de vinho na Serra Gaúcha, mas a qualidade era considerada duvidosa pelo mercado.

O cenário começou a mudar com a fundação da Aprovale, associação dos produtores da região, e do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin). As entidades organizaram a cadeia a ponto de ela se tornar referência nacional na produção da bebida.

“A marca Vale dos Vinhedos é fundamental nesse sentido, e atinge a todos os produtores, independente do tamanho”, afirma. “Hoje, começa a se candidatar como referência na América Latina ao lado do Chile e da Argentina. Para Soares, as características do Vale do Taquari se assemelham às da Serra, pois ambas tem uma cultura produtiva existente há mais de cem anos.

“Nós também podemos nos tornar referência na fabricação de alimentos de qualidade”, assinala. Entre as características que favorecem essa potencialidade, estão o fato de ser uma região pequena, equilibrada e bem organizada socialmente.

“Não será uma tarefa fácil, assim como não foi para a Serra, mas eles deram esse passo que é fundamental”, ressalta. Segundo ele, o Vale do Taquari não vai deixar de ser um produtor de alimentos, porque essa é a característica da cultura regional, mas perde tempo ao não estabelecer discussões para favorecer os setores envolvidos.

Ampla abrangência

Presidente do Codevat, Cintia Agostini reforça a importância da produção de alimentos para o desenvolvimento regional. Segundo ela, a cadeia produtiva tem ampla abrangência no Vale, incluindo desde o produtor agrícola tradicional, passando pelo cultivo de hortifrutigranjeiros, até chegar nas indústrias.

“É uma cadeia fundamental e diretamente vinculada à nossa história”, alega. Cintia lembra que foi a partir da produção de alimentos que nasceu o cooperativismo regional, ambiente fundamental para a sustentabilidade da agricultura familiar.

Segundo ela, a chave para avançar nesses processos é construir e consolidar essa cadeia, estabelecendo perspectivas de inovação “Temos possibilidades e oportunidades de ver produtos, serviços e processos inovadores nessa produção.”

A presidente do Codevat reforça as vantagens do Vale na comparação com outras regiões produtoras de alimentos. A principal delas é a diversificação. “Não depende de um ou outro tipo de produto, pois não fomos estruturados em torno da monocultura da soja ou do milho, como outras regiões do estado.

Cintia enaltece as iniciativas para ampliar ainda mais a diversidade das produções. Ressalta a ampliação do leque de cultivos nas mais diferentes propriedades, entre outras atividades que permitem melhorar a renda do agricultor.

“Associada a isso, temos instituições como a Univates, que tem um dos focos nos alimentos, a Emater, que se consolida no atendimento ao produtor rural, além de diversas associações”, ressalta. Segundo ela, por mais que a cadeia tenha avançado e se tornado mais produtiva, ainda há muito campo para avançar.

Grupo técnico

A organização da jornada técnica tem a participação dos membros do Grupo Técnico de Alimentos (GTA) da Acil. Composto por profissionais que atuam em universidades, laboratórios e pesquisas nas mais diversas áreas relacionadas à produção de alimentos, o grupo se reúne mensalmente para trocar experiências e discutir questões relacionadas e legislação vigente.

De acordo com a coordenadora do GTA, Tânia Gräff, a finalidade do iniciativa é compartilhar dificuldades e encontrar alternativas que possibilitem o desenvolvimento de produtos saudáveis, modernos, seguros, saborosos, adequados à legislação e às expectativas dos consumidores.

Entre os temas debatidos durante os encontros, estão as denúncias de fraude na cadeia leiteira e nas indústrias de carne. “Há casos de alteração no alimento almejando maior lucratividade, mas também existem circunstâncias nas quais informações equivocadas comprometem a credibilidade de profissionais sérios e competentes.”

Em relação ao evento, Tânia afirma ser indispensável para as indústrias de alimentos, independentemente do porte, estarem atentas aos conceitos de inovação.

Segundo ela, os conteúdos abordados durante as atividades trazem ganhos às empresas no sentido de evitar fraudes, garantindo que trabalhem com ética e respeito aos seus consumidores.


Força econômica e social

A identidade econômica do Vale do Taquari está consolidada. Os números comprovam, cada vez mais, a força e a vocação regional na produção alimentícia. Dezenas de produtos, industrializados ou artesanais, reforçam o conceito do Vale dos Alimentos.

45 mil – O setor de alimentos emprega pelo menos pessoas diretas, sem contar a criação ou plantação da matéria-prima.

De toda a indústria de transformação do Vale, a cadeia representa cerca de 70%.

A produção leiteira está presente em todos os 36 municípios que formam o Coredes. O Vale produz cerca de 10% de todo leite que é vendido no estado.

O Vale está entre os maiores produtores de frango e suínos do estado. Nos últimos dez anos, o setor cresceu mais do que o dobro do que a média estadual.

Três das cinco principais empresas de sorvetes do estado ficam na região.

As cooperativas, ao lados das empresas nacionais e multinacionais, industrializam frangos, leite e suínos e lideram os índices de arrecadação nas cidades onde atuam.

O Vale concentra em torno de 300 agroindústrias familiares que produzem gêneros alimentícios.

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