Segurança pública não se faz só com números

Editorial

Segurança pública não se faz só com números

O governo estadual divulgou na semana passada os indicadores criminais dos primeiros três meses do ano. Os dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) foram saudados pelos agentes políticos ligados ao governo Sartori. Enalteceram o que chamam de normalidade, pois,…

O governo estadual divulgou na semana passada os indicadores criminais dos primeiros três meses do ano. Os dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) foram saudados pelos agentes políticos ligados ao governo Sartori. Enalteceram o que chamam de normalidade, pois, em alguns crimes, houve redução.
Dos dados apresentados, o Piratini frisou a diminuição de quase 18% nas ocorrências de latrocínio. De acordo com o balanço, o roubo seguido de morte na capital caiu mais de 27,3%. O discurso do secretário Cezar Schirmer contemporiza os problemas do estado e frisa a atuação do policiamento ostensivo e da investigação.
Pelos dados, o latrocínio teve aumento de 14,7% no ano passado, em comparação a 2015. Para o governo, os indicadores do segundo semestre de 2016 sinalizavam curva descendente, com diminuição de 1% em relação ao mesmo período no ano anterior.
A partir do levantamento, o governo estadual elabora a estratégia de atuação. Mais do mesmo. Combate ao tráfico de drogas e aos homicídios. Nada de novo e o Estado ainda trôpego na instituição de um plano. Segurança pública é mais do que análise de dados. As ocorrências policiais são balizadores importantes sobre os mapas dos crimes, mas inconsistentes como tradução fiel da realidade preocupante com a qual os gaúchos se deparam todos os dias ao sair de casa.
Outra lacuna desses dados é o método de contagem. Nos casos dos homicídios, conta-se a ocorrência, não o número de mortos. Por exemplo, na situação de um crime em que três pessoas são assassinadas, na tabela da SSP, se trata de um registro de homicídio, indiferente de quantas vítimas. Dado não confiável para estabelecer se houve realmente menos crimes contra a vida.
Ainda que pouco tenha avançado no referente a uma estratégia mais ampla para a área de segurança pública, o governo Sartori sinaliza com medidas importantes. Parte do projeto é aumentar o efetivo das polícias. Os primeiros aprovados em concurso começam a ser chamados. Mais polícia nas ruas é um clamor público. O desejo se sustenta na esperança de que essa presença interfira no ímpeto dos criminosos.
Sem dinheiro para fazer algo novo, a repetição das carências virou um mantra e serve de justificativa. Essas repetições deixam claro que instituir uma política de segurança pública é um objetivo distante. Não há um planejamento claro para atender as necessidades da população. Dialogar com a sociedade civil no processo é fundamental, pois institui um trabalho em rede, no qual todos atores locais se sentem parte. Como está previsto no Código Penal, o setor é responsabilidade de todos.

Acompanhe
nossas
redes sociais