Entre escaninhos e carinhos

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Entre escaninhos e carinhos

Nos dias corridos de hoje, quem nunca se deparou com uma folha de texto ou documento jogada sobre a cama ou, até mesmo, sobre o balcão da cozinha? Pois bem, são sinais representativos de uma rotina atarefada, bagunçada e um…

oktober-2024

Nos dias corridos de hoje, quem nunca se deparou com uma folha de texto ou documento jogada sobre a cama ou, até mesmo, sobre o balcão da cozinha? Pois bem, são sinais representativos de uma rotina atarefada, bagunçada e um tanto quanto misturada.
Os papéis já não ficam mais numa escrivaninha ao lado do quarto ou no escritório criado inicialmente como local de trabalho para maior organização e produtividade. Esses “papéis”, que passam de folhas escritas e ocupam lugares muito maiores que simples textos e documentações e que pararam “imperceptivelmente” sobre nossos locais de lazer e interação familiar, estão ocupando também nosso tempo e mente de maneira integral.
É um olho lá e outro cá. Muito mais lá do que cá, convenhamos!
Espaços onde antes estávamos integralmente presentes e nos divertindo, hoje estão poluídos por tarefas e compromissos sempre e cada vez mais urgentes. Quando não é a folha que aparece, é o e-mail que chega no celular (sempre e cada vez mais presente) ou é a mente que evita perder tempo, buscando por concentração constante em tarefas inadiáveis.
Passamos a não nos deter aos detalhes. Quantas manifestações de afeto já nos passaram despercebidas e pouco valorizadas, tão pouco retribuídas? Não mais nos emocionamos como antes. “Mas, afinal, viver nesse modo automático nos é necessário” você me dirá. A questão é que esquecemos de que coisas automáticas não sentem, não se tocam, não se emocionam, tampouco se relacionam.
Perdemos o momento de agora, vivemos em prol do futuro. O que temos é um presente vazio: vazio de relações, carinhos, trocas. Vazio de toque, aconchego e cafuné. Estamos tendo uma existência vazia. Um tanto quanto triste para uma vida sem replay, mas realista e passível de reconfigurações.
Aline Guaragni Machado
Acadêmica do curso de Psicologia da Univates

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