A partir do próximo ano, as embalagens de cigarros em todo país serão mudadas pois vence o período de vigência das imagens de alertas usadas na parte de trás das embalagens. Nesta semana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) abriu consulta pública para definir como serão as novas imagens.
Entre os pontos analisados, está o uso de mensagens mais diretas para alertar sobre os riscos que o cigarro representa aos usuários. Além disso, a Anvisa também propõe outras alterações como a cor dos fundos e letras utilizadas.
Paralelo ao estudo, a agência reguladora enfrenta um processo movido pela Souza Cruz que pede a retirada do aviso que hoje ocupa 30% da parte frontal da embalagem. A empresa ingressou com a ação em fevereiro alegando uma disparidade no tratamento da indústria fumageira em comparação com outras que produzem produtos perigosos.
“Nenhuma outra indústria nacional fabricante de produtos de periculosidade inerente (como bebidas alcoólicas, agrotóxicos etc.) sofre imposições tão pesadas quanto às dirigidas ao setor de tabaco”, alega a empresa em nota. A principal reclamação da Souza Cruz é o pouco espaço para apresentar o produto.
Os empresários alegam ainda que as exigências da Anvisa contribuem para o crescimento do mercado ilegal. A apropriação de 30% da parte frontal das embalagens penaliza o próprio consumidor, pois dificulta bastante a diferenciação dos produtos legais daqueles falsificados.”
Alterações em análise
Enquanto a disputa pelo espaço na parte frontal das embalagens foi parar na Justiça, a Anvisa prepara uma série de alterações para entrar em vigor a partir do dia 30 de maio de 2018. A mudança que deve causar maior impacto é em relação à mensagem utilizada na parte de trás das carteiras de cigarro.
O modelo em análise pela Anvisa prevê o uso de frases mais diretas e fortes, que busquem colocar o consumidor mais próximos dos males provocados pelo cigarro. Dessa forma seriam utilizadas frases como: VOCÊ MORRE consumindo este produto.
Para o coordenador dos cursos de comunicação da Univates, Flávio Roberto Meurer, o uso de frases mais impactantes pode ajudar na redução de fumantes do país. “Podemos imaginar que sim, que a tendência é haver uma diminuição no consumo.” Entretanto, Meurer alerta que outras ações precisam ser adotadas para reduzir o tabagismo no país. “Uma mensagem dessas nunca age sozinha. Há um grande movimento na sociedade para o combate ao tabagismo, uma desvalorização social do ato de fumar.”
Meurer lembra que medidas, como aumento da restrição a fumantes, como ações que ajudaram na diminuição do número de fumantes. “Há um grande movimento na sociedade para o combate ao tabagismo, uma desvalorização social do ato de fumar.” Em razão disso, ele considera que as novas frases analisadas pela Anvisa vão ao encontro do desejo social. “As mensagens das embalagens, por serem negativas, reforçam esse clima social antitabagista, e aí tendem a produzir um efeito contra o consumo.”
Anvisa prevê frases mais impactantes na parte de trás das carteiras de cigarro como forma de combate ao tabagismo
Outras alterações
Além das frases, a Anvisa quer modificar as cores utilizadas em alguns dos alertas impressos nas carteiras. Uma das regras prevê uma padronização na mensagem de proibição de venda do produto para menores de 18 anos.
Hoje as empresas definem qual cor utilizar no fundo da mensagem, adaptando a própria embalagem. A proposta da Anvisa é que todas as embalagens sejam impressas com letras brancas em fundo branco. Outra alteração é que o fundo da mensagem da parte da frente fique amarelo (veja a ilustração).
De acordo com a agência, as marcas conseguiram se adaptar as cores atuais, inserindo elas nas embalagens. Com isso, o efeito de alerta das mensagens acabou sendo perdida.Todas essas mudanças passam por consulta pública. Todo cidadão pode opinar sobre as mudanças através do site anvisa.gov.br/consultas-publicas.
