Tema de reunião-almoço da Acil em abril, o Parque Tecnológico da Univates (Tecnovates) projeta um novo ciclo de crescimento. A estrutura inaugurada em 2014 se consolida como um dos principais polos de inovação e desenvolvimento do país, alcançando reconhecimento internacional.
De acordo com a diretora do Tecnovates, Simone Stülp, toda a estrutura foi baseada nas potencialidades e carências do Vale do Taquari. Inicialmente focado na tecnologia de alimentos, energias renováveis e ambiental, passou a incluir áreas da saúde, biotecnologia e tecnologia da informação.
Segundo ela, o processo de inovação inclui a criação de novas ideias e o estabelecimento de métodos para colocá-las em prática. Para que isso funcione, aponta, é necessário enxergar as tendências do mundo globalizado.
Doutor em Sociologia, o professor Renato Oliveira ressalta a união da pesquisa tecnológica com as necessidades do mercado. Segundo ele, os estudos aplicados são aqueles realizados pelos pesquisadores nos laboratórios em interação com as empresas.
“Servem para resolver problemas e abrir novas possibilidades de produtos, ou de processos para otimizar a produção”, explica. Na opinião de Oliveira, só é possível falar em inovação quando esse desenvolvimento é levado ao mercado e ajuda a melhorar a vida das pessoas, criando valor.
“Se queremos gerar valor para a economia e fortalecer a competitividade de uma região, temos que pensar no mercado global”, alerta. Para ele, as empresas regionais precisam ingressar nesses novos conceitos para garantir a própria sobrevivência.
Conforme Oliveira, a região e o estado ainda têm um pensamento tradicional, formado de forma empírica durante o primeiro ciclo de industrialização. Segundo ele, muitas empresas deram resultado dessa forma, mas o modelo não é mais sustentável.
“Hoje a pessoa precisa ter um pensamento estratégico muito mais desenvolvido e isso não se constrói só pela prática”, aponta. Por esse motivo, relata, a Univates busca cada vez mais aliar a pesquisa tecnológica de qualidade ao empreendedorismo, de forma a criar uma nova inteligência empresarial para a região.
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Certificação internacional
No início deste ano, o Tecnovates passou a integrar a Associação Internacional de Parques Científicos e Áreas de Inovação (IASP na sigla em inglês). Conforme Simone, a parceria coloca o parque tecnológico em um seleto grupo de agentes de desenvolvimento, dos quais apenas dez são brasileiros.
O reconhecimento como ambiente de inovação global permite o acesso a outras iniciativas em todo o mundo. Segundo Simone, por meio dele, é possível buscar em outros polos tecnológicos mais experientes para aprender formas de melhorar o desenvolvimento regional.
De acordo com ela, as empresas integrantes do Tecnovates podem se beneficiar dessa projeção para firmar negócios e parcerias ao redor do mundo.
ONG com status consultivo especial no Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ONU), a IASP estimula o avanço dos parques científicos e tecnológicos ao redor do globo. O Tecnovates também faz parte da rede de parques cadastrados no Programa Gaúcho de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas (PGtec) e é associado à Rede Gaúcha de Incubadoras de Empresas e Parques Tecnológicos (Reginp).
Exemplo de sucesso
Simone apresentou os resultados da parceria entre o Tecnovates e a empresa Naturovos. Segundo ela, o acordo existe desde 2013 na área de reaproveitamento de dejetos para obtenção de biogás. Desde 2016, também estuda a obtenção de novos produtos a partir da transformação do ovo.
Conforme Simone, a estrutura do parque permite a realização de testes em diferentes parâmetros para o desenvolvimento dos produtos, de forma a alcançar as melhores condições para a implementação na indústria.
Segundo a diretora do Tecnovates, a realização desses testes diretamente em uma indústria acarretaria em altos custos devido à escala e ao volume de matéria-prima necessários. “Trabalhando em um centro tecnológico, temos maior liberdade para isso.”
Reitor da Univates, Ney Lazzari afirma que a intenção da universidade é aproximar cada vez mais os empreendedores da região do parque tecnológico. “Sentimos falta de ter mais alunos que busquem não apenas a formação para um emprego, mas que consigam apresentar projetos de empreendedorismo.”
O setor empresarial pode ingressar no Tecnovates por meio da apresentação de demandas cotidianas aos gestores do parque ou ainda a partir de edital de parceria em fluxo contínuo. Interessados em apresentar novas propostas podem contatar pelo 3714-7017 ou tecnovates@univates.br. O edital contínuo está disponível no www.tecnovates.com.br
Novas graduações
A estratégia da Univates para inovação e empreendedorismo terá uma nova ferramenta a partir do segundo semestre, o curso de Inteligência Empreendedora e Inovação. Com duração de oito semestres, a graduação visa formar empreendedores aptos a desenvolver novos produtos e encontrar oportunidades econômicas.
De acordo com o professor Oliveira, durante o curso, os estudantes devem criar uma empresa lucrativa. Segundo ele, será o único no país com esse foco. A proposta tem parcerias com instituições da Finlândia e Espanha.
“A intenção é formar empreendedores capazes de transformar a matriz industrial braçal em um modelo baseado na inteligência”, ressalta. Outra graduação em desenvolvimento pela instituição será em Engenharia Biomédica.
De acordo com Lazzari, a graduação terá o apoio da universidade de Xangai, na China. Segundo ele, a intenção é transformar a Univates em um polo de uma área cujo crescimento nos próximos anos será elevado.