O povo deveria estar unido para garantir as reformas necessárias e não aquelas que atendem aos interesses seletivos de grupos privilegiados faz décadas. De um lado, os mega empresários e rentistas nefastos dando as cartas do jogo. Do outro, um sindicalismo orgânico, fisiológico e interesseiro brigando para não perder os excessos multiplicados, principalmente, nos governos PT/PMDB.
Nem um nem outro. São dois lados podres da história brasileira que insistem em protagonizar as decisões no país. O povo trabalhador assiste indignado, porém, pacífico. Segue seu trabalho e fica sem reação. Muitos sequer compreendem o jogo orquestrado por ambos os lados.
Numa terceira via tão interesseira, se apresentam os falsos moralistas ou “revolucionários”, que padecem de hipocrisia e incoerência a cada palavra que esbravejam sem fundamento. São seletivos e implacáveis com quem pensa diferente. São a própria intolerância e cegueira.
Fica difícil compreender quem fala a verdade ou blefa.
E ainda tem a imprensa, por vezes, permitindo uma espécie de “contrabando” em meio às notícias. Os enganos de outrora são comprovados. Um exemplo típico foi a da Rede Globo que apoiou a ditadura militar e, 40 anos depois, reconheceu o erro de conduta. “As penas já se espalharam”.
Tento ler alguma coisa decente nas redes sociais, mas desisto em meio às falácias e comentários raivosos e de curta compreensão. Discordar virou motivo para a hostilidade e chacota.
Meu posicionamento segue o mesmo desde o princípio: um governo ilegítimo (corrupto igual ao anterior) insiste em aprovar reformas trabalhistas e previdenciárias, sem antes colocar em discussão as reformas tributária e política. A explicação é simples: esconde interesses em meio ao pretexto de insolvência do ente público. O anterior se apegava ao discurso de defensor dos pobres. Ambos mentirosos.
Qualquer governo decente sabe da importância de modificar o sistema tributário. Não fazê-la e iniciar pela previdenciária e trabalhista apenas denota quão frágil é a defesa ao povo brasileiro. Para piorar, o empresariado e trabalhador avessos às greves e manifestações de rua endossam – sem dar-se conta – um governo corrupto, resultante do mesmo grupo deposto. E assim os enganos e desenganos se multiplicam.
Temer quer acabar com um lado da sangria, o sindicalismo interesseiro, mas insiste em preservar os privilégios dos grandes interesses econômicos, que lhe convém. Por isso, não quer reforma tributária e nem política.
Do câncer, só trocou o lado do corpo infectado. Com PT ou PMDB, os interesses escusos e seletivos avançam em prol dos privilégios de poucos. E não sonhemos que os demais partidos são diferentes.
O dinheiro do imposto segue ao comando central de Brasília e retorna em migalhas aos estados e municípios. O ônus fica aos prefeitos e secretários. Mesmo sem o dinheiro dos repasses, o Ministério Público e a Justiça forçam os agentes municipais a assumirem demandas do ente maior. E, assim, a anarquia se instaura, silenciosamente, até todos acharem a prática normal.
Tamanha desesperança multiplica o sentimento do “salve-se quem puder”. A razão coletiva por um país decente se dilui, derradeiramente, em egoismo e intolerância.
Para quem é a greve?
A pergunta é intrigante. Talvez a resposta mais sensata esteja no questionamento sobre a origem dela.
A primeira greve geral data de 1917, e há 73 anos o então presidente Getúlio Vargas aprovou a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), quase intocável até aqui. Exerce tamanha força a ponto de um sindicalista sem formação acadêmica, Lula, conseguir ser presidente. Aliás, o mesmo goza de status messiânico para uma parcela ainda grande da população, mesmo após comprovados tantos escândalos de corrupção. Só no Brasil.
Os exageros e distorções se ampliaram com o advento da Constituição de 88. Da repressão total, os brasileiros foram para um estado democrático utópico, onde os direitos se sobrepõem inúmeras vezes aos deveres. Cria-se então uma cultura de paternalismo e assistencialismo defendido ou praticado por todos os partidos e governos democráticos.
O resultado já conhecemos: um país confuso, ineficiente, sem responsabilidades e dividido entre grupos organizados e o povo. A greve dessa sexta feira defendeu grupos seletivos da sociedade, embora tenha tentado se empoderar como movimento coletivo. Fracassou.
Temer faz o mesmo. Promete as reformas em nome do país, mas serve aos interesses de seletos grupos políticos e econômicos.
E os milhões de brasileiros às margens desses grupos, o que devem fazer?
Boa reflexão a todos!