As ruas desafiam o governo

Vale do Taquari

As ruas desafiam o governo

Protestos dessa sexta-feira, em todo o país, tentam barrar as reformas trabalhista e previdenciária. Sindicatos e movimentos sociais mobilizaram mais de 2 mil pessoas na região.

As ruas desafiam o governo
Vale do Taquari

Integrantes de sindicatos e de movimentos sociais intensificaram a agenda de atos contra as reformas trabalhista, da Previdência e a terceirização. Manifestações ocorreram em todo o país. No Vale do Taquari, o protesto ficou concentrado em Lajeado.

De acordo com estimativa da Brigada Militar, duas mil pessoas participaram do ato. A atividade contou com 50 sindicatos e reuniu trabalhadores urbanos e rurais. O público portava faixas e cartazes que demonstravam insatisfação quanto às medidas apresentadas pelo governo federal.

Manifestantes apontam falta de legitimidade do governo para promover reformas. Questionam a falta de diálogo e de transparência na elaboração das propostas. Com gritos de “Fora Temer”, líderes usaram carros de som para chamar a população para as manifestações. Além disso, pediram o avanço de propostas como a reforma política e tributária.

Na avaliação deles, esse é o mecanismo capaz de barrar a aprovação dos projetos. “Não podemos deixar que políticos decidam por nós, sobre nossos direitos. Nós devemos assumir esse papel. Vamos continuar lutando”, disse o presidente do Sindicato dos Comerciários, Marco Daniel Rockenbach.

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Passeata

A concentração iniciou na av. Piraí, no bairro São Cristóvão, às 9h. A caminhada seguiu pela av. Alberto Pasqualini.

No viaduto da BR-386, o grupo se dividiu e bloqueou a rodovia nos dois sentidos. O trânsito ficou interrompido por uma hora. Conforme dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o bloqueio gerou um engarrafamento de dois quilômetros.

O acesso à rodovia, na av. Alberto Pasqualini, também foi interrompido. Os agentes de trânsito orientaram os motoristas a usar ruas alternativas.

Depois de uma hora, os manifestantes deixaram a via e retomaram a caminhada em direção à região central da cidade. No trajeto, fizeram pequenas paradas. Uma em frente ao prédio INSS e, logo depois, em frente à sede da câmara de vereadores.

Durante a caminhada, faziam chamados para que os trabalhadores do comércio deixassem as atividades e integrassem o grupo. O mesmo foi feito em frente a uma escola privada.

Adesão massiva

Agricultores ligados à Fetag e ao Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e professores estaduais eram o maior público. Segundo a conselheira do 8º Núcleo do Cpers, Luzia Hermann, cerca de 30 escolas da região estavam presentes no ato. Em cidades como Teutônia, Arroio do Meio e Bom Retiro do Sul, as instituições não tiveram aulas.

Na avaliação dela, as mudanças na CLT e na Previdência atacam toda a população. “Precisamos acreditar na nossa capacidade de mobilização. É a organização da classe trabalhadora que garantirá a conservação dos direitos. Por isso é fundamental debatermos e explicarmos por que estamos aqui.”

Professores municipais de Cruzeiro do Sul estavam presentes. Apenas a escola 25 de Julho manteve as atividades. Em Lajeado, professoras da rede municipal aproveitaram o tempo livre, do turno oposto, para participar. De acordo com a presidente do sindicato da categoria, Mara Gorgen, professor contrário às reformas deve protestar.

Funcionários dos Correios de Lajeado, Estrela e Teutônia também participaram. O grupo não aderiu à greve da categoria e disse que retoma as atividades normais a partir deste sábado. Servidores do Judiciário, servidores federais e bancários também se manifestaram.

Protesto dessa sexta-feira gerou bloqueio na BR-386, no acesso a Lajeado, por uma hora. Congestionamento atingiu dois quilômetros. Motoristas consideram que ato penalizou outros trabalhadores

Protesto dessa sexta-feira gerou bloqueio na BR-386, no acesso a Lajeado, por uma hora. Congestionamento atingiu dois quilômetros. Motoristas consideram que ato penalizou outros trabalhadores

Avaliação

As entidades organizadoras do ato se reúnem nos próximos dias para fazer avaliação. No fim do evento, um dos líderes, o vice-presidente do Sindicomerciários, Ricardo Ewald, disse que o protesto foi um dos maiores que já ocorreram na região.

Novos devem ser organizados e ocorrer em breve. De acordo com o coordenador regional dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais, Luciano Carminatti, é necessário intensificar os protestos. “Precisamos começar a ocupar órgãos públicos, para pressionar o Congresso Nacional. Apenas intensificando teremos resultados.”

Deputado vaiado

O deputado federal Heitor Schuch (PSB) foi chamado de golpista durante o protesto. Ele chegou durante o bloqueio na BR-386 e foi expulso por manifestantes.

O parlamentar disse respeitar o posicionamento dos manifestantes, mas disse que não é golpista.

Greve no estado

Pela manhã pelo menos 25 pontos, nas rodovias estaduais, tiveram o fluxo obstruído de forma total ou parcial. Próximo ao Vale, na BR-386, manifestantes ligados à Fetag bloquearam a rodovia no KM 269, em Fontoura Xavier. Agricultores da região alta participaram do ato.

Manifestantes colocaram fogo em uma trilhadeira. O grupo bloqueou a rodovia no local em pelo menos três momentos.

A interrupção ocorreu no Km 226 em Soledade, próximo ao trevo de Mormaço. No local, cem pessoas participaram. Por volta das 17h, o fluxo foi liberado.

Em Nova Santa Rita, no Km 433, manifestantes queimaram pneus pela manhã. A via foi liberada por volta das 10h30min.

Em Encantado, servidores do Fórum protestaram. Eles ficaram parados em frente ao prédio. Em Lajeado, o mesmo ato foi feito.

Fontoura Xavier. Manifestantes incendiaram uma máquina sobre a BR-386

Fontoura Xavier. Manifestantes incendiaram uma máquina sobre a BR-386

“Isso não adianta nada”

O protesto desagradou motoristas. O caminhoneiro de Encantado, Adalberto Machado, considerou a medida inapropriada. “Tem pessoas com horário para fazer entregas ou têm exames agendados. Penalizar essas pessoas é um erro.”

O motorista de Anta Gorda, Guilherme Marcon, também criticou. Segundo ele, quando caminhoneiros param as rodovias, a população não apoia. “Cansamos de protestar, não adianta.Tem que fazer isso em Brasília, não aqui.”

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