Univates leva arte para dentro do câmpus

Lajeado

Univates leva arte para dentro do câmpus

Estudante, professores e comunidade participaram de diversas atividades artísticas. Evento é o primeiro passo para tornar a arte mais presente no dia a dia da universidade.

Univates leva arte para dentro do câmpus
Lajeado

Com objetivo de aproximar a comunidade da universidade e de apresentar a recém criada Área de Artes, a Univates promoveu ontem o Arte na Universidade. O câmpus recebeu diversos eventos culturais que abrangiam os mais variados cursos e manifestações artísticas, como fotografia, música, escultura, etc.

As oficinas, workshops e apresentações foram organizadas pelos professores de diversos cursos, que foram convidados a pensar atividades que fizessem uma ponte entre as disciplinas ministradas e a atividade artística.

Na abertura do recital promovido pela Escola de Música Josélia Jantsch Ferla, o professor Leonel José de Oliveira, que coordena a Área de Artes da Univates, resumiu para os presentes o principal objetivo do evento de ontem. “Vocês estão nos ajudando a incorporar na grade curricular da Univates a arte”, disse o professor aos presentes no Teatro da Univates.

Em uma das oficinas, alunos foram instigados a criar móveis apenas com papelão

Em uma das oficinas, alunos foram instigados a criar móveis apenas com papelão

Desafio de criatividade

Professoras das cadeiras de projeto no curso de arquitetura, Adriana Carolina Broilo e Fernanda Voigt, convidaram os alunos a confeccionar móveis com placas de papelão. Na oficina ministrada por elas, não participaram não apenas estudantes de arquitetura, mas também alunos de Design e Publicidade.

Adriana considera o desafio proposto fundamental para os alunos desenvolverem novas maneiras de resolução de problemas. “Queremos despertar neste aluno como uma placa pode se tornar um objeto.”

“A ideia é sair do conforto, de simplesmente desenhar um móvel e mandar executar”, afirma Adriana. Os móveis produzidos são denominados como mobiliário efêmero, que tem pouco tempo de duração.

Na avaliação de Adriana, a proposta de confeccionar um objeto a partir de um material pouco usual e sem a utilização de objetos de fixação aproxima os estudantes do processo produção. “Esse desafio é o que nos interessa, trazer essa percepção que através de dobraduras é possível fazer um objeto, mesmo de curta duração.”

Adriana ressalta ainda a participação de pessoas de outras áreas como ponto alto da oficina. “É muito positiva a ideia de trazer alunos de outros cursos, porque tu começa a sair do teu universo para entender outras formas de resolver problemas.” Ela defende a interação dos alunos como uma forma de provocar a busca de soluções não discutidas nos cursos específicos de cada um. “Essa convivência gera uma troca pode gerar uma curiosidade que pode levá-los a pesquisas de outras coisas criando novos recursos.”

Mesmo destacando que o trabalho desenvolvido na oficina não trabalha com técnicas tradicionais de arte, Adriana defende a ação como um forma artística. “Estamos usando processos de construção de objetos, e acho que a arte é isso, possibilitar que outras formas de resolver problemas sejam desafiadoras aos alunos.”

Estudante do quinto semestre de arquitetura Maycon Lins acredita que a oficina lhe mostrou um outro caminho para trabalhar em sua área de atuação. “Aprendi que posso trabalhar com esse material (papelão), criar coisas novas em tempo curto. É possível fazer criações para exposições mais curtas.”

Com giz, Nicolas dos Santos buscou sintetizar a brevidade humana na Univates

Com giz, Nicolas dos Santos buscou sintetizar a brevidade humana na Univates

Intervenção nos muros

Estudante de Design, Nícolas dos Santos ministrou junto com o professor Rodolfo Dalla Costa, uma oficina sobre desenho efêmero. O trabalho consiste em desenhos feitos de giz em espaços públicos. As obras têm curta duração, já que estão sujeitas aos efeitos do tempo, especialmente chuva, para seguirem intactas.

Antes de iniciar a oficina, Santos desenhava a obra pensada por ele Costa no muro do prédio 12 da Univates. De acordo com ele, a ideia foi justamente utilizar o conceito de arte efêmera no desenho. “Tentamos explorar esse aspecto, vendo o ser humano também como efêmero diante do mundo.”

Para o estudante, a inclusão de arte no dia a dia da universidade cria a possibilidade dos alunos de desenvolverem habilidades não trabalhadas dentro dos cursos. “É importante a arte para poder explorar mais teus talentos, saindo um pouco do ambiente da sala de aula e mostrar algo a mais que temos.”

Primeira edição do Arte na Universidade ocorreu ontem. Atrações tomaram o câmpus. Iniciativa busca incluir a cultura de maneira multidisciplinar

Primeira edição do Arte na Universidade ocorreu ontem. Atrações tomaram o câmpus. Iniciativa busca incluir a cultura de maneira multidisciplinar

Cidades em Pauta

Durante o Arte na Universidade o A Hora lançou seu mais novo projeto de debates sobre os temas pertinentes ao Vale do Taquari. O Cidades em Pauta, uma parceria do jornal com a Univates e Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Vale do Taquari (Seavat) iniciou com o painel Cidades Criativas. Até o fim do ano, pelo menos mais dois debates serão organizados pelos idealizadores do projeto.

 

“Vocês estão nos ajudando a incorporar na grade curricular da Univates
a arte.”

Com a palavra o coordenador

Como surgiu a ideia do Arte na Universidade?

Leonel José de Oliveira – No fim do ano passado foi criada a Área de Artes, assim como temos outras como a de Humanidades. Mesmo não tendo nenhum curso específico de artes, a instituição percebe a necessidade de uma formação artística no contexto da formação disciplinar dos seus alunos. O evento tem como principal objetivo avisar à comunidade acadêmica que temos uma nova área, é uma forma de oficializar o início dessa área, mas de forma livre. Por isso nenhuma das atividades foi obrigatória e nem foi criada uma temática específica vinculada a questões pedagógicas. Por isso temos as mais diversas manifestações artísticas dos mais variados cursos.

Que mudança o senhor acredita que a inclusão da arte pode ter na instituição?

Oliveira – Na medida do possível podemos quebrar certas disciplinas, ou conhecimentos, de caráter apenas disciplinar. Óbvio que não acabar com as disciplinas, mas mostrar que existe mais do que isso. Este é o trabalho do setor de artes, e ele não é fácil porque é preciso quebrar alguns paradigmas, inclusive os meus próprios.

Qual diferencial a inclusão de uma formação mais artística traz para os estudantes?

Gostaria de dar uma resposta bonita, mas talvez uma feia também caiba. Pra ser uma pessoa melhor. Colocamos arte no nosso cotidiano pra enxergar coisas que não enxergarmos, para podermos sair da caixa e entrar em outro sistema de pensamento. Isso ajuda a quebrar paradigmas. Às vezes do ponto de vista objetivo impacto é zero, mas muitas vezes não há resposta. Não existe uma disciplina, ou um projeto cartesiano sobre o impacto da arte na vida das pessoas, pois não há respostas objetivas. Mas desconstruir é uma boa oportunidade de reconstruir as coisas de outra forma.

Acompanhe
nossas
redes sociais