Os protestos e a ordem

Editorial

Os protestos e a ordem

Seja qual for a dimensão da greve de amanhã, é quase certo que o protesto vai difundir o mal-estar com as reformas por quase todos os cantos do país, além de dar cara mais geral à insatisfação do povo. As…

Seja qual for a dimensão da greve de amanhã, é quase certo que o protesto vai difundir o mal-estar com as reformas por quase todos os cantos do país, além de dar cara mais geral à insatisfação do povo.
As manifestações públicas ganham proporção cada vez maior. Tamanho impacto prévio fez os diretores do Daer e da Secretaria dos Transportes protagonizarem uma pataquada em relação à suspensão do transporte intermunicipal no dia da greve.
Enquanto a autarquia anunciava a interrupção nos serviços, o secretário estadual Pedro Westphalen tratou de contradizer a informação e garantiu o transporte de ônibus entre municípios. Resolvido o impasse, e se nada mudar outra vez, o serviço será normal.
As reformas da Previdência e trabalhista são o estopim das mobilizações país afora. Mas não será só isso que estará nas faixas e cartazes em punho. Como ocorrera nos protestos a partir de 2013, a insatisfação com os caminhos do país, a corrupção enraizada e o descontentamento com o sistema político tendem a se sobressair.
As manifestações contra as reformas estavam marcadas pelo seu caráter político mais estrito: tocadas por partidos de esquerda e sindicatos associados, inimigos do presidente Michel Temer, militantes de centrais sindicais.
No entanto, o protesto se torna mais capilar, chega às esquinas das famílias, gostem ou não de reformas. Avança sobre escolas e professores, sobre religiões e conta com a adesão de variadas categorias de trabalhadores, muitos de classe média: bancários, químicos, petroleiros, saúde.
A greve deve imobilizar parte das cidades, especialmente as grandes. Interrompe ruas, bloqueia rodovias, paralisa serviços. O tamanho dos protestos pode ser determinante para a continuidade dos processos das duas reformas.
Mas não é só isso. O impacto sobre as eleições do próximo ano também será perceptível. Não faltará o oportunismo tradicional dos partidos políticos, tentando aproveitar o momento para emplacar algum nome ou discurso de “salvador”.
Entre tantas nuances, que possam prevalecer os interesses da sociedade brasileira. Que a ordem e o respeito mútuo sejam pilares para quem vai às ruas, evitando que os protestos descambem para a violência ou a baixaria.

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