Elaborar e discutir políticas públicas de saúde para as mulheres no município foi o objetivo da I Conferência Municipal de Saúde das Mulheres. O evento, promovido pela Secretaria da Saúde e Assistência Social, ocorreu no Auditório do Colégio São José na terça-feira à tarde. Gravidez na adolescência norteou parte das discussões que definiram as diretrizes de políticas públicas para o município e para a conferência estadual.
Neste ano, dos 20 nascimentos registrados em Roca Sales que passam pelo SUS, cinco foram de mães adolescentes. Isso representa mais de 16%. O índice é maior do que a média estadual de 14%. São consideradas mães adolescentes, mulheres entre 10 e 19 anos. Em 2016, de 127 nascimentos, 16 eram de mães adolescentes.
Conforme informações da secretaria, esse problema social é algo que ocorre no município faz anos. Há casos de adolescentes mães com 12, 13 e 14 anos.
Conforme a titular da pasta, Cleonice Maria Vargas da Silva, trabalhos nas escolas, palestras e ações junto com as agentes comunitárias de saúde são realizados para prevenir esses casos. Ela acrescenta que, além dessas atividades, há o acompanhamento e atendimento realizado pela secretaria.
A presidente do Conselho Municipal de Saúde, Therezinha Chiesa, apresentou uma pesquisa que realizou em 2005 durante a pós-graduação na Univates. Ela estudou as mulheres trabalhadoras no município, principalmente as de grande fábricas de calçados e alimentação.
Therezinha mencionou que os números de 2017 e do ano passado já eram constatados em 2005. Segundo ela, a realidade de muitas mulheres trabalhadoras é essa: “saem de casa às 6h, deixam os filhos nas creches e vão ao trabalho. Saem do trabalho por volta das 18h, buscam os filhos na escola e iniciam a sua segunda jornada de trabalho em casa. Alguns pais chegam mais tarde, após passarem em algum bar”.
Isso, segundo a pesquisadora, acaba por vezes gerando problemas familiares e até ocorrências, as quais normalmente acontecem entre às 21h e 1h da madrugada. “Essas crianças crescem longe do afeto dos pais e quando elas têm 10, 12 anos, essas crianças, em idade escolar, e carentes do mesmo afeto se encontram e aí começa a nascer as crianças adolescentes”, explicou Therezinha.
Saúde mental
Os atendimentos psicológicos de mulheres representam 85% do total na cidade. Conforme dados da secretaria, as doenças mais comuns são depressão e ansiedade. A psicóloga do Centro de Referência em Assistência Social (Cras), Adriana Pivatto, falou desses aspectos. “Em Roca Sales, esses dados aparecem de uma forma mais implícita, pois chegamos a eles através de uma consulta e nos atendimentos realizados pela equipe.”
Eixos da Conferência Municipal
Profissionais da área, autoridades, usuários dos serviços de saúde do município, representantes de entidades, estudantes e demais interessados participaram da conferência. Quatro eixos nortearam as discussões. Eixo I – Situação da saúde das mulheres e os determinantes econômicos, sociais e ambientais que levam ao adoecimento; eixo II – Políticas públicas para as mulheres e a participação social; eixo III – Vulnerabilidades e equidade na vida e na saúde das mulheres e eixo IV – O mundo do trabalho e suas consequências na vida e na saúde das mulheres.
As propostas elencadas em cada eixo servirão como diretrizes para a atenção às mulheres e desenvolvimento de estratégias municipais para a rede de proteção. Além disso, serão levadas para a I Conferência Estadual de Saúde das Mulheres (1ª CESMu), que ocorre de 9 a 11 de junho em Porto Alegre. Foram escolhidos quatro delegados, dois representantes do poder público e dois entre usuários, para representar o município no evento.