Da (in) coerência

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Da (in) coerência

Ser bem tratado, reconhecido, respeitado, amado e acolhido não é apenas desejo de todos os seres humanos: é necessidade! Ser humano é viver em relação, em coletivo, plural! Ninguém quer ser julgado, excluído, malquisto e, em geral, sequer tolera ser…

Ser bem tratado, reconhecido, respeitado, amado e acolhido não é apenas desejo de todos os seres humanos: é necessidade! Ser humano é viver em relação, em coletivo, plural!
Ninguém quer ser julgado, excluído, malquisto e, em geral, sequer tolera ser questionado! Ninguém suporta viver só!
O velho ditado: “Trate aos outros como quer ser tratado” é lema de vida de todos os discursos, mas, infelizmente, não é prática que se concretize amiúde.
Na imperfeição humana, vão se construindo relações com nuances de crueldade, indiferença e egoísmo alternados com os desejos de paz, amor, tolerância e respeito às diferenças.
Parece que, mais difícil que lidar com a tristeza e a desgraça alheias – tantas vezes ignoradas! –, é suportar o sucesso do outro naquilo que se pretende alcançar!
Passando por momentos difíceis é que mais se percebe a frieza humana ante a dor alheia. Há quem sinta a ausência de quem se afasta de determinados espaços, sejam lá quais forem os motivos, e nem por isso consegue colocar-se empaticamente no lugar do que se retirou. E, ao invés de solidarizar-se, questiona, cobra e acusa a falta daquele que se recolheu.
As dores, os dissabores, o sofrimento ou, quiçá, as alegrias e realizações que possam motivar a mudança de ambiente não são levados em conta. Só é considerado o prejuízo que a falta ou o retorno ao espaço “dominado” pode trazer.
Se este texto tem uma carga de ressentimento por causa de situações vividas, traz também um mea culpa por, invariavelmente, ter agido da mesma forma. É humano ser imperfeito, ser autorreferencial e basear os julgamentos nos próprios interesses.
Então, enquanto se é presente, ativo e útil, toda a atenção se justifica. Estando envolvido no mundo que “interessa”, se é digno de respeito, afeto, presença e tratamento cordial. Entretanto, optar por outro caminho, independente das circunstâncias que o levem a fazê-lo, parece que torna indigno quem o faça. Passa a ser ignorado ou, se muito, objeto de piedade, pena, dó. Fofocas, hipóteses, conjecturas de todos os tipos não são razões suficientes para mobilizar em direção ao que se afasta. Sair da escravidão que a rotina impõe ao encontro daquele que se ausentou parece algo impensável e desnecessário.
Entretanto, há que se reconhecer que, junto a manifestação da imperfeição humana também surgem as ajudas inesperadas, afagos e confortos que não se preveem e fazem a diferença.
Tratar o outro como se quer se tratado é a forma mais coerente de viver e alcançar a felicidade de ser parte.
Evanice Luiza Diedrich Schroeder
Profissional de Educação Física especialista em Psicopedagogia Institucional / Professora estadual, Estrela.
niceluizinha@hotmail.com

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