Trabalho conjunto garante vidas

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Trabalho conjunto garante vidas

Equipe do Hospital Bruno Born (HBB) trabalha na sensibilização das famílias de pacientes para doação de órgãos e tecidos

Trabalho conjunto garante vidas
Vale do Taquari
oktober-2024

O momento de perda de um familiar ou amigo pode se transformar no ganho de outras vidas.

É o que a Organização de Procura de Órgãos e Tecidos (OPO6), do Hospital Bruno Born (HBB), tenta transmitir a familiares de pacientes com morte encefálica.

Existente desde 2010, a equipe procura sensibilizar as pessoas da importância da doação de órgãos e tecidos. Hoje a maior fila é para a doação de rins. No Brasil, há mais de 20 mil à espera. No RS, são 857.

“A lista cresce a cada ano. Enquanto as doações, nem tanto”, afirma a enfermeira da OPO6, Adriana Calvi. No hospital, durante 2015, houve 12 retiradas de órgãos. Número que caiu para oito, em 2016, de um total de 28 notificações por morte encefálica.

Adriana atribui o baixo número a diversos fatores. Os principais seriam a falta de conversa em vida sobre a morte e sobre a vontade das pessoas serem doadoras. Famílias ainda consideram um tabu falar sobre o assunto em casa.

“Como não há um documento que seja usado como comprovante da vontade do paciente, o diálogo com os familiares é a melhor solução. Percebemos que, quando o assunto é esclarecido, a família nunca se nega. Mas, quando não houve uma conversa prévia, é muito mais difícil de autorizarem”, relata.

Por vezes, também existe dificuldade em aceitar a morte encefálica. “Hoje, já há mais entendimento.” Faz alguns anos que o hospital adotou procedimentos preparatórios para comunicar esse tipo de falência.

Conforme o Conselho Federal de Medicina, três testes clínicos são necessários para o diagnóstico de morte encefálica. Logo após a percepção das primeiras falhas de alguns sinais vitais, a família é informada.

Em seguida, é feito o primeiro exame clínico. O médico avalia reflexos de dor, nas pupilas, córneo palpebral, óculo cefálico e vestibular, reflexos traqueais (tosse) e apneia (respiração).

Em adultos, o mesmo é repetido em seis horas. Em crianças, em um período de 12 horas a 48 horas, dependendo da idade. Para conclusão do diagnóstico, também é necessário um exame de imagem.

Doação

Com a autorização para retirada dos órgãos, mais exames são feitos. Todas as informações são repassadas à Central de Transplantes, em Porto Alegre, que faz a busca dos possíveis receptores. É preciso que ocorra compatibilidade sanguínea, e outros elementos, como tamanho corporal. Do óbito até a retirada, os procedimentos levam de 14 a 16 horas, podendo se estender a 24 horas. “Às vezes, a família também não quer esperar. Mas, quando aguarda, sente depois o alento em ter doado, em ter ajudado alguém a viver.”

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Nova chance

Parte das doações de órgãos também pode ser feita por pessoas vivas. Sem prejuízo à saúde, é possível doar o fígado, que tem capacidade de regeneração, e o rim, já que não há dificuldade para o doador sobreviver com apenas um.

Inês Nos Brentano, 57, foi beneficiada com essa possibilidade. A moradora de Arroio do Meio ganhou nova vida em 2010, ao passar por um transplante de rim, doado pela irmã mais nova, Iara.

Antes disso, havia permanecido um ano na fila. Além das hemodiálises, sofria com a angústia de não saber como sobreviveria com apenas 9% dos rins funcionando. “Desde que comecei a ter problemas renais, eu sabia que pararia na fila, mas tudo ficou pior quando cheguei lá. Era tudo uma incógnita.”

O marido surgiu como primeira opção, mas nos exames finais foi constatado que ele não estava apto a passar pela cirurgia. A irmã se ofereceu, e teve compatibilidade com Inês.

“Até hoje me sinto em dívida com ela. Nunca terei como agradecer o suficiente o que fez por mim.”

Colocar-se no lugar do outro é a melhor alternativa, aponta Inês.“ Doar órgãos é doar vida. Nunca pense que isso não pode acontecer contigo, ou com tua família.”

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