As contas de energia elétrica dos clientes da RGE Sul ficam mais baratas a partir desta semana. A notícia anima moradores do Vale. Clientes residenciais terão uma redução de 5,6%. Os que utilizam alta tensão, 7,91%. O desconto atinge 1,322 milhões de unidades consumidoras localizadas no estado.
Na prática, a queda no valor pode resultar em uma economia média de até 6,43% aos clientes. O dado foi divulgado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Na avaliação de uma cliente, o desconto é quase insignificante. “Em grandes volumes, em empresas, o valor até faz diferença, mas não traz grandes resultados para o orçamento doméstico.”
Claudiane Oliveira espera um fôlego no orçamento doméstico. A última conta de luz atingiu R$ 478. De acordo com ela, fica dentro dessa média todos os meses. Segundo Claudiane, o valor aumentou muito nos últimos dois anos e impactou o orçamento familiar.
Para o proprietário de um açougue, Felipe Renz, a perspectiva é ter uma economia maior a partir desse anúncio. A empresa gasta cerca de R$ 1,7 mil por mês em energia elétrica. Apesar do desconto ser baixo, a economia auxiliará nos resultados da empresa. Conforme ele, no inverno, o valor pago reduz. Com a queda de 5,6% na conta, espera uma diminuição ainda maior.
Em uma empresa que produz sorvetes em Lajeado, o custo mensal com a baixa e alta tensão atinge cerca de R$ 20 mil. O sócio do empreendimento, Nilson Gemelli, critica o sistema de fornecimento de energia elétrica brasileiro.
Na avaliação dele, essa redução é resultado de uma cobrança abusiva que ocorreu até agora. Segundo Gemelli, a energia elétrica do país é a terceira mais alta do mundo. “A participação do governo é muito alta na tarifa de energia e falta concorrência. Acredito que isso precisa ser revisto.”
Ajuste nas tarifas
A redução nas contas de luz é uma devolução dos valores cobrados a mais no ano passado. A Aneel aprovou, em processo extraordinário, ajuste nas tarifas de 90 distribuidoras do país.
Os percentuais de redução aos consumidores serão aplicados no próximo mês. A medida foi adotada porque o custo da energia da termelétrica de Angra 3 foi incluído nas tarifas do ano passado, mas a produção não chegou a ser usada, porque a usina não entrou em operação em 2016. De acordo com a Aneel, o total devolvido será de R$ 900 milhões.
Em um primeiro momento, a Aneel anunciou que a devolução poderia chegar a R$ 1,8 bilhão. O cálculo foi reduzido porque nem todas as distribuidoras haviam cobrado os valores a mais em 2016, já que o montante foi incluído no processo de reajuste de cada concessionária, durante reajuste tarifário anual.
O procedimento terá duas etapas. Na primeira, em vigor desde ontem, a tarifa será diminuída para reverter os valores de Angra 3 incluídos desde o processo tarifário anterior e, ao mesmo tempo, deixará de considerar o custo futuro do Encargo de Energia de Reserva (EER) da usina.
A segunda fase inicia em 1º de maio e permanece até o próximo reajuste de tarifas de cada distribuidora. Com isso, a tarifa deixará de incluir o EER de Angra 3.
