Queda de braço em  que a sociedade perde

Editorial

Queda de braço em que a sociedade perde

O poder marginal testa a força do Estado. Os criminosos perderam o medo de ser punidos, e passam a elaborar planos mirabolantes para afrontar as instituições públicas e mostrar poder. Seja na fuga atrapalhada de detentos do presídio de Lajeado,…

O poder marginal testa a força do Estado. Os criminosos perderam o medo de ser punidos, e passam a elaborar planos mirabolantes para afrontar as instituições públicas e mostrar poder. Seja na fuga atrapalhada de detentos do presídio de Lajeado, no roubo do helicóptero em Canela ou na construção do túnel para fuga da penitenciária federal, a sensação de impunidade, do “não vai dar nada”, encoraja os infratores.
Desafiam as autoridades sabendo que nem mesmo nas casas prisionais há controle estatal. As facções mandam dentro das celas. Planejam assassinatos de desafetos e comandam o tráfico de drogas.
Na ponta mais fraca da corda, está a população. Vítima diária da precariedade dos serviços públicos e preocupada com o avanço da criminalidade. Ainda que a Secretaria de Segurança Pública pontue que os índices estão dentro da normalidade, o cotidiano nas ruas mostra outro cenário.
Dos problemas históricos enfrentados pelas forças de segurança, ao quadro de quase falência do poder público, resultam no momento dramático vivenciado pela sociedade brasileira, pois não é só o RS nessa condição.
No referente ao território gaúcho, a crise financeira tem um impacto direto no serviço das polícias, impossibilitando nomeações, reduzindo as condições para compra de equipamentos. Justificativas de conhecimento geral explicam parte do problema. Ainda assim, há uma conjunção de erros de planejamento que culminaram para o que se enfrenta hoje.
Os grupos criminosos estão atentos ao discurso do governo. O mantra do não há dinheiro para fazer algo diferente deixa claro que instituir uma política de segurança pública está mais para um sonho distante.
O clamor da comunidade por efetivo talvez seja o desejo mais latente, sustentado pela esperança de que isso interfira no ímpeto dos criminosos. Difícil afirmar que com mais soldados seria possível evitar homicídios, latrocínios, mas daria mais tranquilidade aos moradores.
Resolver essa equação é mais complexo do que isso. Ao passo em que o sistema penitenciário não garante recuperação dos detentos e nem mesmo segurança à sociedade, aliado aos problemas estruturais das forças de segurança motivados pelos problemas de caixa público e da falta de uma política pública clara para a área, torna-se quase uma utopia os preceitos do Estado de Direito.
 

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