Com o auxílio das tias paternas Helga e Edel, Leila Kauffmann pintou na infância as primeiras cascas de ovos de galinha. Tinta guache e pincel, papel crepom e vinagre eram materiais indispensáveis à atividade.
Comum no período de Páscoa, além de promover o momento de integração familiar, a prática rendia bons e gostosos presentes. Coloridas, as duras crostas eram preenchidas com amendoim, envolto em açúcar e davam água na boca das crianças.
“Na década de 1960, 1970, ganhávamos pouco chocolate. As casquinhas eram o mais comum”, conta. O aprendizado passado de geração em geração foi conservado.
Na fase adulta, Leila continuou pintando as cascas, entregando aos filhos e afilhados. Até que encontrou na atividade familiar uma forma de expandir a produção artesanal.
Por meio de cursos de pintura em tela, aprimorou as técnicas usadas e hoje faz verdadeiras obras de arte nas cascas.“Pinto direto na casca como se ela fosse uma tela.Usando a mesma técnica tradicional de pintura. Ao fim, envernizo para dar mais durabilidade e deixá-la lavável.”
Flores e coelhos são alguns dos desenhos que enfeitam as cascas, comercializadas em feiras de artesanato. Apesar de ganhar com a venda, Leila considera que as famílias não deveriam ter perdido o hábito de guardar as cascas, e enfeitá-las.
“O nosso corre-corre não permite que as pessoas percam tempo com isso. Mas acho que culturalmente é necessário transmitir aos nossos filhos, sobrinhos, alunos como a Páscoa era comemorada. São costumes que permitiam transmitir carinho, amor, admiração com a confecção do presente.”
Para incentivar
Para manter a tradição e propagá-la a outras famílias, Leila ministra neste sábado, 8, uma oficina de pintura de ovos, na Toca do Coelho, na Praça da Matriz. A aula será promovida pela Associação dos Artesãos de Lajeado, da qual Leila é presidente, e será aberta só para as crianças. Elas devem levar as próprias cascas.