O colarinho branco em xeque

Editorial

O colarinho branco em xeque

A condenação do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) a 15 anos e quatro meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas é mais um episódio para confirmar a tendência de mudança no país. Primeiro o mensalão, agora…

oktober-2024

A condenação do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) a 15 anos e quatro meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas é mais um episódio para confirmar a tendência de mudança no país. Primeiro o mensalão, agora a Lava-jato. Políticos, lobistas e empresários envolvidos em atos ilícios começaram a ser punidos com perda de libertado. Algo inimaginável até algumas décadas atrás.
A sensação da sociedade de que o país chegou em um momento de ruptura histórica se fortalece a partir da autonomia das instituições judiciárias e de fiscalização. Avanços importantes e que devem ser constantes. Ainda que algumas condutas, como a proximidade preocupante entre o ministro do Supremo, Gilmar Mendes, e o presidente da República, Michel Temer, tragam alguma preocupação, o país parece estar no caminho da solidez da legalidade.
Por mais que alguns conchavos tentem deturpar o rumo das investigações, como exposto nos grampos de conversas entre Renan Calheiros, Romero Jucá e assessores, que relatam o pacto nacional para travar a Lava-jato, os méritos da operação confirmam essa possibilidade de o Brasil presenciar uma nova época.
A população espera mais dos agentes públicos. A ideia de que a corrupção faz parte da cultura nacional precisa ser desfeita. E esse comportamento não se restringe só aos políticos. A revisão na identidade cultural passa por toda a sociedade. Em qualquer instância. Onde houver atitudes irregulares, é preciso impor o rigor da lei.
Para alcançar o país que todos querem, a vigilância sobre as instituições e comportamento das autoridades perpassa mais vigilância e participação social. Também é preciso fortalecer uma consciência coletiva capaz de interferir no comportamento do eleitorado. Usar a força da democracia representativa para quebrar com os arranjos que mantêm as raposas na política nacional. Essa mudança começa nas próximas eleições.
Como já dito neste espaço, a esperança é que, passada a faxina nas relações espúrias entre políticos, lobistas e empresários, é preciso manter o combate à corrupção para que o sistema ilegal não tenha chance de se reorganizar.
Nos postos públicos, é preciso reduzir a ganância dos partidos por cargos e funções. Diminuir o número de deputados, ministérios e de assessores também pode trazer melhorias ao defasado cofre público.
Outra ação fundamental é estancar a sonegação, responsável por retirar do erário mais de R$ 400 bilhões por ano. Nesse aspecto, importante verificar que a carga tributária do país é lesiva. Temos um Estado que arrecada muito, apesar dos desvios do setor empresarial, mas que garante pouco retorno em serviços.

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