CPM tenta restabelecer  transporte para alunos

Lajeado

CPM tenta restabelecer transporte para alunos

Corte atinge residentes a menos de 2km dos colégios

CPM tenta restabelecer  transporte para alunos
Município mantém pagamento de 50% do valor contratado em períodos de atividades escolares. Foto: Arquivo A Hora
Lajeado

Os pais dos alunos da Escola Municipal Capitão Felipe Dieter, do bairro Igrejinha, estão mobilizados contra o cancelamento do transporte escolar para os alunos do Ensino Fundamental. Pelo menos 54 crianças devem perder o benefício.

O anúncio foi feito pela Secretaria de Educação e atinge todos os alunos da rede que residem em uma distância inferior a dois quilômetros da escola. A medida começa a partir da segunda-feira. Os pais prometem não levar os filhos ao colégio neste dia.

No fim da tarde da segunda-feira, às 19h, o Conselho de Pais e Mestres (CPM) promove uma reunião com a comunidade escolar, secretaria e vereadores para tentar encontrar uma solução. Em outros bairros do município, os pais também estão preocupados e buscam no Legislativo mecanismos para reverter o caso.

Em nota, a secretaria afirma que adota como critério distância de dois quilômetros ou mais da residência do aluno até a escola para oferecer o subsídio. “Os alunos que não conseguem vaga na escola mais próxima à sua residência também têm direito ao recebimento.”

De acordo com a integrante da secretaria, Lisandra Quinot Persch, a medida foi adotada depois que foi observada a distribuição de passagens sem obedecer os critérios estabelecidos em lei.

“Por isso, revisamos as listagens, realizamos medição das distâncias informadas e constatamos que havia muitas crianças que estavam fora dos critérios, por isso, fizemos o corte.”

Riscos na rua

Os alunos ganhavam passagens do município para fazer o deslocamento. Com a mudança, a alternativa é percorrer o trecho a pé. Aqueles que quiserem usar ônibus para o deslocamento terão que pagar pelo serviço.

“Os pais que moram aqui no bairro são pobres, não têm como pagar todo mês pelo serviço. Têm famílias com mais de um filho, como vão arcar com essa despesa?”, questiona Leda Heineck Lutz, 50.

Ela é avó de uma menina que frequenta a Felipe Dieter. A neta de Leda tem 8 anos e terá que percorrer cerca de 1,5 km para chegar à escola. “Sem transporte, mais de 50 crianças vão ter que enfrentar barro, chuva e frio, além de uma via movimentada. Eu falo por todas as mães que estão preocupadas com a segurança dos filhos.”

Uma empresa de britagem fica próxima da escola. Com isso, o fluxo de caminhões é intenso e o local não tem acostamento e iluminação. Sobre essa situação, Lisandra afirma que o problema é o mesmo enfrentado por outros estudantes da rede. “Estamos estudando alguns casos, mas precisamos seguir critérios.”

A integrantes do CPM, Patrícia Beuren, afirma que toda comunidade escolar está mobilizada. “São crianças dos anos iniciais, 4 e 5 anos, precisando se deslocar em uma área insegura. Para elas, essa distância é muito longa pra ser feita a pé.”

Segundo ela, a secretária de Educação, Vera Plein, fez o trecho de carro para fazer a medição. “De carro, é muito fácil. Gostaria que ela fizesse esse caminho a pé. Como mais de 50 crianças terão que fazer.”

Projeto reduz distância

O presidente da câmara de vereadores, Waldir Blau, também convida a secretária de Educação a fazer o trajeto junto com as crianças e enfrentar o barro, frio e chuva. Segundo ele, famílias de diversos bairros estão preocupadas com a medida e querem reverter a decisão.

Para tentar resolver a situação, ele apresentou um projeto de lei para reduzir a distância que obriga o município a pagar pelo transporte aos estudantes. Hoje a legislação federal estabelece distância acima de dois quilômetros, pela matéria, cai para 1,5 quilômetro.

O projeto determina ainda que crianças de anos iniciais e deficientes sejam contemplados com o benefício, mesmo que residam em uma distância inferior ao estabelecido em lei. “Quem vai decidir se deve receber o benefício será o CPM e a direção da escola que conhecem a realidade das famílias.”

O texto está em análise na Comissão de Justiça e Redação e entrará na pauta de votação o mais rápido possível. Segundo Blau, se a matéria for vetada, os vereadores derrubarão. “Nós temos a maioria. Precisamos buscar o melhor para nossa população.”

Na próxima semana, o prefeito Marcelo Caumo se encontra com vereadores e deve ser questionado sobre o assunto. A secretária foi chamada para ocupar a Tribuna Livre, mas não confirmou presença.

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