Lar provisório vira abrigo permanente

Lajeado

Lar provisório vira abrigo permanente

Voluntário cobra engajamento da comunidade na defesa dos cães abandonados

Lar provisório vira abrigo permanente
Lajeado
oktober-2024

Dois anos e meio atrás, o marceneiro Heinz Rubem Schnack, 47, abriu espaço em sua casa, no bairro Florestal, para receber o cachorro Olavinho. O animal era um dos cuidados pela ONG Amando, Protegendo e Ajudando Muitos Animais (Apama).

Olavinho apresentava um quadro avançado de cinomose e foi enviado para receber um tratamento em separado, evitando contagiar os outros cães. Apesar dos cuidados, ele não resistiu morreu poucos meses depois.

Desde então, foi criado o Lar Temporário Olavinho Sanchez Apama. O espaço de 120 metros quadrados funciona como marcenaria e lar para filhotes abandonados e doentes. “O Olavinho tinha cinomose terminal e eu trouxe para casa para tentar curar. Ele ainda sobreviveu por dois meses. A partir de então, comecei a recebê-los.”

A ideia inicial era de que o local servisse apenas como uma passagem até que os cães fossem adotados ou curados. Entretanto, pela falta de outros lares de passagem e redução no número de adoções, a casa acabou se transformando em lar definitivo. “A proposta é que fosse um lar temporário, que eles viessem para cá e quando ficassem muito grandes fossem para sede (da Apama). Só que isso nunca funcionou, porque é muita demanda”, relata Schnack.

Nesse período, passaram pelo local cerca de 250 animais. Hoje a casa tem 16 cachorros, entre filhotes de até 2 anos de idade e aqueles que apresentam algum problema de saúde. Eles são encaminhados para o local para evitar a contaminação. “O combinado é que eu abrisse o espaço para receber, principalmente os filhotes, por terem imunidade baixa.”

Mais engajamento

Voluntário da Apama,  Schnack sempre teve cachorros, mas em um número menor do que hoje. “Nunca havia tido mais de dois, a partir do momento em que abre o espaço, a gente vê que é possível cuidar de mais.”

Mesmo afirmando estar satisfeito com a possibilidade de abrigar os cães, Schnack reivindica a participação de mais pessoas no cuidado aos animais. “É aquela história, onde come um comem dois, três. Mas essa responsabilidade precisa ser mais dividida.”

Ele cobra ações mais efetivas de quem se declara “cachorreiro” nas redes sociais e dos voluntários da Apama. “A ONG tem 17 mil curtidas e 1,7 mil voluntários e quem se envolve realmente são dois ou três e temos poucos lares temporários.”

Para o voluntário, duas atitudes são fundamentais para prestar um atendimento melhor: a adoção e a disposição para receber os cachorros temporariamente. “Tem quem abre a casa uma vez e depois desiste.”

Ele chama atenção para a necessidade crescente de atendimento em razão do alto número de abandonos. “Precisamos é liberar o espaço para poder receber novos filhotes, pois todos os dias tem abandonos.”

Schnack afirma que a maior parte dos animais é tranquila, mas por vezes alguns problemas acontecem. “Tenho três ou quatro cães que geram tumulto que acaba se espalhando na matilha. Os demais não causam problemas.” Ele garante, no entanto, que por trabalhar em casa consegue controlar a maior parte dos problemas.

Falta de Paciência

Na avaliação de Schnack, os abandonos são o retrato da pouca disponibilidade das pessoas em enfrentar os problemas decorrentes da adoção. “O abandono é só uma ponta das questões sociais. As pessoas estão em um limite de estresse e não têm a paciência de esperar.”

Ele relata casos de adotantes que desistiram após um dia de convivência com o cão. “Levei a Lizinca até o Olarias, porque a pessoa que adotou não tinha carro. No outro dia, ele estava aqui pedindo para buscar ela de volta.” Os convites para adoção são feitos na página do Lar Olavinho no Facebook, onde são colocadas as fotos dos cachorros.

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