A interpretação deturpada sobre os diretos humanos

Editorial

A interpretação deturpada sobre os diretos humanos

A prisão do agricultor aposentado, condenado por matar a nora, suscitou manifestações de ódio nas redes sociais do A Hora. Pessoas descontentes com o tempo de cárcere definido pela Justiça, inclusive alguns defendendo a pena de morte. Em momentos de…

A prisão do agricultor aposentado, condenado por matar a nora, suscitou manifestações de ódio nas
redes sociais do A Hora. Pessoas descontentes com o tempo de cárcere definido pela Justiça, inclusive alguns defendendo a pena de morte.
Em momentos de estresse, é compreensível ouvir ou ler opiniões extremas, principalmente em comentários na internet. Em especial quando se trata de um homicídio, crime que traz um componente sentimental nas pessoas. Mas Justiça e vingança são diferentes. Por isso, a lei deve ser respeitada.
Neste momento em que a sociedade se sente acuada e com medo, voltam à tona assuntos como a redução da maioridade penal, a revogação do Estatuto do Desarmamento e até a adoção da pena capital para crimes hediondos. Muitos argumentos culpam os defensores dos direitos humanos pelo avanço da criminalidade.
Essa interpretação se deve aos preceitos da ampla defesa para presos e criminosos. Porém, esses dispositivos também estão relacionados à defesa das vítimas. Conforme alguns historiadores, a distorção no conceito dos direitos humanos tem origem na Ditadura Militar, devido à luta de grupos, movimentos e instituições civis pelos direitos dos presos políticos. Após o fim do autoritarismo, a associação saiu do campo político e ingressou no criminal.
Nos anos de chumbo da ditadura, o Estado reprimiu direitos do cidadão. Por meio da força e da violência, a polícia foi usada como instrumento para essa repressão. A redemocratização exigiu uma mudança na atuação das forças policiais.
A partir da Constituição de 1988, foram estabelecidas garantias e direitos fundamentais para valorizar a liberdade e a cidadania. As manifestações contrárias aos direitos humanos são um ataque à vida. Essas determinações fazem parte do cotidiano das pessoas, independente de raça, cor, sexo ou religião. Dizem respeito ao acesso à educação, à saúde, à moradia. Dizem respeito a toda a população.
Por mais que a situação no país inspire cuidado, acreditar que com um Estado violento se garante a segurança da população é um erro. Pensar que com a liberação do porte de arma as pessoas poderão cuidar de si próprias também é um equívoco. Punir com cadeia menores de 18 anos é outra visão distorcida. Para o quadro atual, não há solução mágica. O problema tem vários motivadores, talvez o principal seja a desigualdade.

Acompanhe
nossas
redes sociais