Crocante, suculenta e de doçura incomparável. Até abril, a colheita de maçã será intensa nos pomares. De acordo com a Associação Gaúcha dos Produtores de Maçã (Agapomi), a safra é excelente e serão colhidas 430 mil toneladas, 19 mil a mais do que no ciclo passado. No país, a estimativa é de produzir um milhão de toneladas.
De acordo com o presidente da Agapomi, Eliseu Boeno, as condições meteorológicas, 700 horas de frio no inverno, foram fundamentais para obter maior produtividade e frutas de alta qualidade. “A firmeza de polpa, teor de açúcar, acidez e equilíbrio, tudo está ótimo”, avalia.
O setor movimenta R$ 6 bilhões ao ano e emprega 195 mil pessoas, de forma direta e indireta.
Foco em saúde
Conforme pesquisa da Associação Brasileira dos Produtores de Maçã (ABPM), de cada dez maçãs consumidas no país, nove vêm da Região Sul, “Atrai pelo sabor, cor, aroma e açúcares”, destaca Moisés Albuquerque, diretor- executivo.
Para elevar o consumo per capita, 5,7 quilos, Albuquerque foca na divulgação dos valores nutricionais. Com base em pesquisas, uma maçã por dia auxilia a digestão, modera o apetite e controla o colesterol, além de atuar contra a diarreia, retardar o envelhecimento e prevenir o reumatismo.
Fruticultor otimista
Nos pomares da família Guarda, em Arvorezinha, foram colhidas 570 toneladas. São 15 hectares cultivados com as variedades gala, eva e fuji. Segundo Alberto, a maçã está muito suculenta, corada e de excelente qualidade. “É a melhor da história.Tivemos um clima adequado, chuvas dentro da média e sem excesso de calor”, comemora.
Apesar do impacto negativo causado pela crise e o aumento do desemprego, o produtor está confiante. Com frutas graúdas e saudáveis, o valor da caixa de 18 quilos aumentou. Varia entre R$ 45 e R$ 50. As frutas são vendidas para São Paulo e Rio de Janeiro, maiores polos consumidores.
Para mantê-las conservadas e conseguir preços mais elevados na entressafra, parte delas é armazenada em câmaras frias. A criação de uma cooperativa em parceria com outros 18 produtores auxilia na redução de custos, garante novos mercados e assistência técnica.
Juntos, cultivam 48 hectares de maçã, pêssego, ameixa e uva. No saco de adubo, a economia chega a R$ 12 e, no herbicida, passa de R$ 50. “Unir-se é a saída para manter os pomares, ter oferta em escala e atender às exigências dos clientes”, afirma. As frutas são colhidas e levadas à propriedade dos Guarda. Lá são lavadas, classificadas, embaladas e comercializadas com certificado fitossanitário de origem.
A previsão é de comercializar até 400 toneladas de frutas pela cooperativa neste ciclo.
Faltam trabalhadores
Durante a safra, são contratados diaristas. Cada um recebe em média R$ 25 a cada 300 quilos colhidos. A falta de mão de obra qualificada é a maior dificuldade. O técnico em Agropecuária, Edemir de Bona, 23, presta orientação para 20 propriedades da cooperativa. Segundo ele, o setor carece de profissionais preparados. “Delicadeza, suavidade e precisão são fundamentais para tirar a maçã do pé. Ela não pode ser batida nem muito apertada”, ensina.