Aos 95 anos, Luiz Alberto Librelotto caminha todos os dias pela cidade que escolheu para viver. Natural de Soledade, o aposentado mora faz quatro anos em Lajeado e ressalta a tranquilidade do município. Quando não está caminhando ou conversando nas praças, Librelotto aproveita para exibir sua vitalidade ao lado da mulher, de 94 anos, nos bailes de idosos.
“Mesmo com um desenvolvimento impressionante, é um lugar muito bom para viver”, afirma. Uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto de Longevidade Mongeral Aegon e da Fundação Getúlio Vargas (FGV) confirma as impressões de Librelotto. Segundo o estudo, Lajeado é a 7ª melhor cidade para se viver no país após os 60 anos.
O levantamento considera os indicadores de cuidados de saúde, bem-estar, finanças, habitação, educação e trabalho, cultura e engajamento. A maior cidade do Vale do Taquari aparece entre as 40 com melhores índices de renda. É a número 1 do país em acesso à internet fixa.
Os índices da área da saúde também são destaque. O município aparece em segundo lugar na oferta de enfermeiros, sétimo em número de médicos e de estabelecimentos de saúde com atendimento ambulatorial, e oitavo em clínicas e residências geriátricas.
Para Librelotto, as opções no setor são válidas, principalmente em caso de acidentes. Mesmo assim, alega não utilizar os serviços de saúde. “Prefiro caminhar meia hora por dia e cuidar da alimentação. Também não bebo e nem fumo.”
Ao longo do trajeto diário, o idoso aproveita a Praça do Papai Noel para relaxar e conversar com amigos. Entre eles, está Odair Trevisan, 67 anos. Nascido em Frederico Westphalen, mora na cidade faz 35 anos.
Segundo Trevisan, o segredo da longevidade está em se manter ativo, algo que Lajeado proporciona. “Desde que me aposentei, passei a caminhar pelas ruas e praças, conhecer pessoas e conversar, algo que só uma cidade tranquila consegue oferecer.”
Para o também aposentado Cláudio da Rocha, 59, outro fator determinante para a qualidade de vida dos idosos são as opções de lazer e bailes voltados para a terceira idade. “Eu não faço exercícios físicos, mas todos os fins de semana saio para dançar.”
Os bailes também ajudam a conhecer pessoas. Segundo ele, o aumento no número de bailes ajudou a tirar muitos idosos de casa, trazendo ganhos significativo nos índices de qualidade de vida.
Pontos negativos
A colocação de Lajeado poderia ser ainda melhor caso a cidade solucionasse o histórico problema da falta de saneamento básico. O acesso à rede de esgoto foi o principal fator negativo no desempenho em habitação, alcançando a 346ª posição entre os 498 municípios pesquisados.
Apesar de estar entre as dez cidades mais bem posicionadas no índice Firjan, o estudo aponta taxa de desocupação elevada, abaixo da média nacional. O cenário é agravado por valores medianos nos índices de educação, em especial devido à distorção entre idade e série escolar.
Outro fator preocupante é o alto índice de homicídios e de acidentalidade no trânsito. No quesito bem-estar, o número de suicídios foi o fator negativo de maior destaque.
População crescente
A pesquisa da FGV e do Instituto de Longevidade visa analisar e facilitar a participação das pessoa com mais de 50 anos nos centros urbanos do país devido ao número cada vez maior da população dessa faixa etária.
Segundo projeções realizadas pelo IBGE, o grupo de pessoas com mais de 60 anos aumentará quase 100% na comparação entre o ano 2000 e 2020, passando de 14,5 milhões para 23 milhões.
Em 2050, estima-se que esse grupo chegará aos 64 milhões de pessoas, ultrapassando o número de crianças e adolescentes com até 14 anos, cuja estimativa é de 46,3 milhões de pessoas.
Lajeado
Bem-Estar 149º
Cuidados de saúde 17º
Cultura e engajamento 1º
Educação e trabalho 88º
Finanças 8
Habitação 32
Indicadores gerais 48
Índice 60-75 anos 12
Índice 75+ anos 11
Índice agregado 7
