Campanha contesta exploração da terra

Vale do Taquari

Campanha contesta exploração da terra

Igreja propõe reflexão sobre temas ambientais e discute preservação de biomas

Campanha contesta exploração da terra
Vale do Taquari

A Campanha da Fraternidade 2017 foi lançada ontem. Neste ano tem como tema “Biomas brasileiros e defesa da vida”. A intenção da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é propor debates sobre a preservação ambiental. Durante os 40 dias da Quaresma, nas paróquias de todo país, missas e encontros de leigos vão tratar sobre o assunto.

Um dos pontos que pode gerar polêmica é a crítica às atividades do agronegócio, especialmente em relação à monocultura. A campanha deve valorizar o cultivo variado e em pequenas propriedades.

O responsável pela comunicação da Diocese de Santa Cruz do Sul, padre Roque Hammes, minimiza a possibilidade de conflitos entre a proposta da campanha e fiéis. “Nossa ideia é conscientizar as pessoas. Vamos colocar o tema sem agredir e com dados.”

Mesmo assim, Hammes reconhece a possibilidade de enfrentar resistência de parte da sociedade. “Tem pessoas que vão ficar incomodadas, mas se surge polêmica não podemos deixar de tratar do tema.” Para o padre, as eventuais resistências vão colaborar para o melhor entendimento sobre o assunto. “Sem polêmica, as pessoas não refletem de forma tão profunda.”

O padre destaca que a campanha tem sido esclarecedora para o próprio clero. “Muitos padres não sabem o que é exatamente o bioma, e agora estamos aprendendo.”

Influência social

Padre da Paróquia Santo Antônio, em Estrela, Neimar Schuster destaca o potencial de conscientização da igreja. “A Igreja Católica tem entrado em diversas estruturas da nossa sociedade. Então podemos trabalhar a temática de valorização da natureza.” De acordo com ele, a ligação com outras denominações religiosas e entidades sociais deve ser uma das marcas no Vale do Taquari. “Temos uma ampla entrada, também com a igreja luterana na região, sindicatos dos trabalhadores rurais e mesmo poder público.”

Schuster admite que a campanha deve gerar conflitos, pois vai de encontro a práticas adotadas no atual sistema. “Com certeza valorizar a natureza vai significar bater contra toda a estrutura predatória desse capitalismo que vivemos, que pouco está valorizando a estrutura da natural.”

Essa situação deve ocorrer porque um dos objetivos da campanha é denunciar atividades consideradas lesivas ao bioma.  “Vamos colocar uma posição e falar também daqueles que não cuidam da natureza.”

O padre espera que após a campanha o poder público tome atitudes para coibir abusos. “Criar políticas públicas seria um segundo caminho da campanha, esse é o resultado esperado.” Além de cobrar das autoridades, a igreja destinará o dinheiro doado nas missas de Domingo de Ramos para projetos ligados ao tema da campanha. Do total arrecadado, 60% será encaminhado para projetos nacionais e 40% para ações estaduais.

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