Os problemas financeiros enfrentados pelo M.Grupo geram impasse que deve ser decidido pela Justiça em até 15 dias. Na sexta-feira, 24, uma liminar emitida pelo Fórum de Lajeado retirou da Global Malls a administração do empreendimento, repassando à empresa Resolve Condomínios.
Proprietário do shopping e da Global Malls, o M.Grupo recorreu da decisão e a liminar foi suspensa poucas horas depois pela desembargadora de plantão Ana Rebout. No entendimento da magistrada, o caso não é urgente, sendo necessário o cumprimento do prazo de 15 dias para o M.Grupo se manifestar.
De acordo com o advogado da associação dos lojistas do shopping, César Bublitz, a associação apresentará seus argumentos para o pedido de liminar dentro do prazo estipulado. Segundo ele, a intenção do pedido é assegurar o funcionamento do shopping após o pedido de falência do M.Grupo.
Conforme Bublitz, existe a ameaça do corte na energia elétrica do prédio, mesmo após a quitação de uma conta superior a R$ 100 mil por parte dos lojistas. “Logo após o pagamento, chegou outra conta de quase R$ 200 mil e os lojistas não têm condições de bancar mais esse custo.”
Para o advogado, a falência do grupo justifica a urgência do pedido, pois ainda não se sabe as consequências de uma possível recuperação judicial. Segundo ele, a escolha da Resolve Condomínios partiu da Justiça de Lajeado, devido à experiência da empresa na administração de condomínios residenciais.
“O shopping tem características semelhantes das de um prédio, com algumas particularidades”, alega.
Calote em Gravataí
A Justiça já havia afastado o M.Grupo da administração do shopping de Gravataí. Inaugurado em 2013, o prédio estava com a conta de energia em atraso desde agosto de 2016 e teve a luz cortada no dia 10 de fevereiro. A Justiça nomeou a empresa Pro Overseas, de Porto Alegre, para administrar o empreendimento.
Também em Gravataí, o M.Gupo anunciou a construção de um dos maiores prédios do RS, com 42 andares e 132 metros de altura. Os conjuntos comerciais chegaram a ser comercializados, mas nunca saíram do papel.
Outros empreendimentos
Companhia paulista, o M.Group tinha a intenção de investir R$ 1 bilhão em operações de shoppings, indústrias, hotéis e prédios pelo RS. A estratégia, arriscada, incluiu a tomada de empréstimos em meio a uma das maiores crises da história do país.
No auge da expansão dos negócios, o conglomerado chegou a administrar cinco shoppings. Além de Lajeado e Gravataí, a empresa era responsável por centros comerciais em Santa Cruz do Sul, Bento Gonçalves e Xangri-lá. Os três últimos foram leiloados em setembro do ano passado.
Entenda o Caso
14/6/2012 – M.Grupo compra 70% das ações do UnicShopping
Grupo paulista anuncia negócio. Área do supermercado, equivalente a 30% do empreendimento, continua sob propriedade dos antigos donos.
31/8/2012 – Empresa anuncia plano de reforma e ampliação
Com previsão de investir R$ 40 milhões, M.Grupo anuncia projeto de remodelação do shopping. A promessa era de aumentar a oferta de lojas e das opções de entretenimento e serviços, além de um plano de marketing inovador.
2/7/2013 – Shopping inaugura parte das reformas
Após ficar mais de um ano fechado para adequações, o segundo andar do centro comercial foi reinaugurado. O local passou a concentrar a praça de alimentações com 480 cadeiras, cinemas e um fliperama, além de uma unidade das Lojas Americanas.
7/8/2014 – Lojas de grandes marcas
Anunciadas desde o início do plano de reestruturação do shopping, as multinacionais Renner e Burguer King iniciaram os atendimentos. Rede de roupas e acessórios, a Renner foi instalada em um área de dois andares e 2,8 mil metros quadrados. Especializado em fast-food, o Burger King ficou situado em área de cem metros quadrados no segundo andar.
2/12/2015 – Problemas financeiros
M.Grupo começa a apresentar dificuldade para cumprir as obrigações contratuais em diversos empreendimentos pelo RS. Um apartamento pertencente ao dono do grupo, avaliado em R$ 1,4 milhão, foi a leilão extrajudicial promovido pelo Bradesco. Ao mesmo tempo, lojistas começam a cobrar promessas de investimentos até então não cumpridas pelo grupo.
23/12/2016 – Grupo nega venda do shopping
Notícia vinculada no Jornal do Comércio afirma que o shopping seria leiloado em janeiro deste ano para quitar dívidas com mais de mil credores. A informação foi prontamente negada pela direção do M.Grupo que alegou investir na estrutura para conquistar novos lojistas.
16/2/2017 – Pedido de penhora na Justiça
Credora do M.Grupo, empresa Capital Securitizadora solicita na Justiça a venda do prédio por meio de leilão. Sediada em São Paulo, a companhia solicitou apenas o leilão do prédio, com a administração se mantendo a cargo da GlobalMalls, empresa que pertence ao M.Grupo.
