Com apenas uma semana de vida, 45 centímetros de altura e 25 quilos, um bezerro chama a atenção de quem visita a propriedade de Tamara Ohlweiler, 31, e Marcos Gottselig, 43, em São Bento.
O animal recebeu o nome de Gigante e virou o xodó da família. Segundo Tamara, foi o primeiro caso registrado ao longo dos sete anos dedicados à produção leiteira. São 13 vacas em lactação. A média vendida ao dia chega a 230 litros. “A maioria dos bezerros nasce com um metro de altura e pesando mais de 40 quilos”, relata Marcos.
A vaca Dora é da raça holandesa e foi inseminada com sêmen da raça jersey. “Era para nascer um bezerro menor, mas não um anão”, brinca Gottselig. “Nunca vimos algo assim, a não ser quando o animal nasce prematuro”, completa Tamara.
O bezerro nasceu após o tempo normal de gestação, oito meses e 21 dias. Foi a segunda cria da vaca. A primeira ela abortou aos oito meses, no entanto, o filhote tinha tamanho normal.
Gigante passa o dia passeando pela propriedade. De acordo com o produtor, apesar de recém-nascido e pequeno, é musculoso e muito esperto. “Quando a mãe dele vai para sala de ordenha, já pula do lado de fora. Sabe que vai ganhar leite. Ele é muito arteiro, precisamos estar atentos o tempo todo”, comenta.
Gigante é amamentado com uma mamadeira, já que não alcança no úbere da vaca. Recebe quatro litros de leite por dia. O pecuarista conta nunca ter criado ou visto um bezerro de tamanho semelhante. “É algo realmente inédito. Muitos curiosos nos visitam e até querem comprar. Ele virou o nosso animal de estimação”, destaca.
Segundo Tamara, os terneiros machos são vendidos para vizinhos ao preço de R$ 100. A maioria é destinada à produção de carne. Era o destino de Gigante, caso não tivesse nascido anão. “Nem pensamos em engordar e muito menos vender. Vamos cuidar dele e torcer para que não tenha nenhuma doença ou problema com a formação dos órgãos quando ficar mais velho”, afirma Tamara.
Além de ter virado o xodó da família, Gigante foi bem-aceito pelas outras vacas e bezerros. Segundo Gottselig, quando chega um terneiro novo, é comum os outros animais o excluírem. “Os únicos ciumentos são os cachorros”, brinca Sabrina, 9, a filha mais nova do casal.
Até o momento, o terneiro tem um desenvolvimento saudável e se alimenta bem. O único problema verificado é uma má formação nas patas dianteiras, mas isso não compromete seu deslocamento.
Mutação genética
Conforme o médico-veterinário Vinícius Ferrari, a doença é chamada de condrodisplasia. Causada por mutação genética, inibe o crescimento da cartilagem no final dos ossos ou a hipófise para de produzir o hormônio de crescimento.
Ocorre devido a fatores hereditários. “Os genes são do tipo recessivo, portanto, o pai e a mãe são igualmente responsáveis pelo nascimento do terneiro anão”, explica.
Segundo Ferrari, podem apresentar problemas respiratórios, hidroterapia e indigestão vagal. Geralmente sobrevivem até o terceiro mês de vida. Para ele, o ideal é fazer o teste de progênie e evitar esse cruzamento. Os casos são comuns nas raças jersey, angus e hereford.
Entre os mais famosos no mundo, está o da vaca Ella, nascida na Irlanda com apenas 78 centímetros de altura. Em 2014, ela pariu um bezerro de estatura normal.
Outro caso aconteceu no Sri Lanka, onde nasceu um elefante macho de 1,5 metro de altura.