Condição do canil municipal gera impasse

Estrela

Condição do canil municipal gera impasse

Defensores dos animais afirmam casos de maus tratos. Veterinário rechaça acusações

Condição do canil municipal gera impasse
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O trato dos animais no canil municipal evoca questionamentos da sociedade. Defensores dos animais afirmam que os 72 cães estão sofrendo com falta de comida e de cuidados veterinários.

A administração nega os apontamentos, e afirma trabalhar de modo correto, sob a fiscalização do Conselho de Medicina Veterinária.

Uma das denunciantes da situação é Miriam Pereira Duarte. Ela e outros dois amigos foram no local há duas semanas, situado em Linha Delfina, próximo a usina de tratamento de lixo.

Resolveram fazer a visita após ouvirem reclamações de moradores. Na quinta-feira passada, o mesmo foi feito por Juliana Thaís Previati e Débora Sciascia.

Um dos problemas apontados pelos grupos foi a dificuldade de visitar o local. “Nos disseram que precisávamos marcar um horário. Perguntaram o que queríamos lá. Acho que como é um lugar público, temos direito ao livre-acesso,” relata Débora.

Segundo elas, antes de entrar no local, já sentiram forte cheiro de urina e fezes. “Sinal de que não limpavam a dias”, realça Miriam.

No espaço composto por três terrenos, avistaram vários cachorros presos nas baias. “Imagina no inverno e na chuva, eles dormem molhados nas casinhas. A prefeitura não tem condições de colocar brita no espaço?”, questiona Juliana.

Alguns animais estavam no sol, em meio ao mato alto, com água suja e sem comida, afirmam. Segundo o funcionário do local, por dia, 25 quilos de ração são distribuídos para os cães. “Falou que o veterinário só ia até lá para deixar a comida, e ia embora”, conta Miriam.

Aparelhos lacrados

Nenhum deles está vacinado ou castrado. As fêmeas recebem injeção a cada seis meses para não entrar no cio. Enquanto isso, equipamentos para o serviço estão lacrados. “Isto é totalmente errado. Os aparelhos estão lá. Porque não usam? Agora estes animais serão adotados, vão procriar e vai virar uma bola de neve, aumentando os abandonos”, ressalta Juliana.

As mulheres também perceberam que alguns cães poderiam estar doentes. Mas o funcionário não tinha conhecimento de que os animais estavam em tratamento. “Ele disse com todas as letras que a prefeitura não vai investir nos animais pois tem outras prioridades. Acho que falta uma fiscalização. Simplesmente atiram os animais lá”, reclama Juliana.

Responsável explica a situação

Na sexta-feira, a reportagem foi recebida no local pelo veterinário do município Luis Cesar Schauenberg.

A água dos cães estava limpa, mas não havia ração em nenhum pote. “Se eles não tem comida, não quer dizer que não são alimentados. Encher os potes o dia todo é desperdício e pode atrair insetos e outros animais.”

Ele não apontou a quantia de comida dada por dia aos animais. Mas mostrou os sacos de ração disponíveis no local.

Limpeza

As baias estavam limpas, recém lavadas, porém o cheiro de urina e fezes se mantinha no ar. “Quando o funcionário termina de limpar aqui, já está sujo do outro lado.”

Dois dos três terrenos ocupados pelo canil, cada um com cerca de 400 metros quadrados, ainda estavam com mato alto. De acordo com Schauenberg, o estado é resultado de uma semana sem limpeza, mas a próxima roçada já está marcada.

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Cuidados

Dois cães apresentavam sinais de sarna. Mas, segundo o veterinário, um passa por tratamento médico, e o outro está passando por troca de pelo.

“Nenhum deles chega aqui saudável. Estão desnutridos, machucados. Não se recuperam de um dia para o outro. Tratamos aos poucos.”

Os dois últimos cães a serem recolhidos estariam em um local separado, na Secretaria do Meio Ambiente, por ainda sofrerem com graves problemas de saúde. “Inicialmente nem trazemos para cá.”

O veterinário não apresentou dados da vacinação dos animais. Admitiu que nenhum deles foi castrado, apesar de equipamentos para o trabalho já terem sido adquiridos e estarem sob uma camada de pó na sala na entrada do canil.

“Não podemos simplesmente comprar e usar. Precisamos de uma licença.” Schauenberg afirma que no futuro o objetivo é fazer uma sala para os procedimentos e solicitar esta autorização.

“Na verdade isto é problema de quem os largou na rua. Simplesmente transmitem o caos ao Poder Público e querem que resolvemos.”

 

Instalações

Por enquanto, a prioridade é ampliar e melhorar a estrutura. Portões para fechar um dos terrenos teriam sido orçados. Depois de instalados, permitirão que os cães sejam soltos no pátio.

Por enquanto, alguns estariam separados nas casinhas por não terem condições de convivência com os demais. Cerca de 45 ocupam as baias – três em cada.

Visitas

O veterinário não relatou à reportagem quanto tempo permanece diariamente no local. Mas afirma que a entrada de pessoas no local não depende da presença dele, mas da identificação dos visitantes e disponibilidade de atendimento do funcionário.

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