Pais unem esforços para reformar escola

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Pais unem esforços para reformar escola

Mutirão será feito no fim de semana para pintar a fachada da instituição

Pais unem esforços para reformar escola
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oktober-2024

Pais, professores e direção do Instituto Estadual de Educação Monsenhor Scalabrini se uniram para restaurar a escola. Cerca de R$ 25 mil, provenientes do Círculo de Pais e Mestres (CPM), foram investidos na reforma da biblioteca, sala dos professores e das áreas de lazer. A prefeitura cedeu parte da mão de obra.

No pátio da escola um pergolado, para dar sombra e mesas. A pracinha foi consertada e um gramado reconstituído para a realização de atividades lúdicas. Já a biblioteca foi ampliada, e as prateleiras e disposição dos livros modificadas.

Dois computadores novos foram instalados no local. Até abril, novas bibliografias devem ser adquiridas. No mesmo mês, a escola pretende iniciar obra no laboratório de ciências, que deve contar com recursos do estado, e também dos pais.

Fachada

Ontem, para finalizar o serviço, quatro pessoas, entre pais e ex-alunos, limparam a fachada da escola. A pretensão é que no sábado outras dez pintem o local. A parede que dá cara a escola não recebia uma mão de tinta há cerca de quatro anos.

“Estava feia, com um aspecto de prédio abandonado. Agora já está mudando”, relata a vice-diretora do turno da manhã, Miriam Dentee Bertelli.

Presidente do CPM, Romeu Roque Conte, está ajudando no serviço. Pai de um aluno do primeiro ano do Ensino Médio, ele acredita que o esforço conjunto da comunidade não melhore somente a parte estrutural da escola, mas dê impulso aos estudantes.

“Eles voltarão às aulas na segunda-feira com mais vontade. Precisamos fazer algo para melhorar a situação da educação, do lugar onde vivemos. Fazemos por nós mesmos, por nossos filhos.”

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Trabalho conjunto

De acordo com Miriam, os pais começaram a se envolver, de forma mais efetiva, nos problemas da escola no fim do ano passado, após uma mudança política da direção, e uma conversa com os estudantes.

“Os alunos nos apontaram algumas necessidades, principalmente que não tinham espaço para fazer trabalhos”, explica Miriam. Sem recursos do estado, a direção optou por chamar os pais à discussão.

“A escola tem consciência que o estado está deixando a desejar tanto na questão pedagógica, quanto física. Como a nossa escola tem mais de 50 anos, as demandas são grandes, e só com a ajuda deles conseguiríamos atendê-las.”

A fim de ampliar o movimento, neste ano, a direção pretende realizar vários eventos focados nos pais. O intuito é trazê-los para dentro da escola, e provocar o senso de comunidade escolar.

Toda a biblioteca da instituição de ensino foi reformada com verba do CPM

Toda a biblioteca da instituição de ensino foi reformada com verba do CPM

“Escola está além da obrigação pública”

Na avaliação do doutor em Sociologia, Cesar Goes, esse é o cenário de como deveriam funcionar as escolas. De acordo com ele, a atenção com as instituições de ensino está além da obrigação pública e representa um espaço onde as responsabilidades compartilhadas. Para Goes, os pais não deveriam se preocupar apenas com a parte material, mas ter preocupação com o funcionamento e o processo de aprendizagem.

A Hora – Se trabalha muito a questão da escola como ferramenta de transformação. De que forma o trabalho dos pais no cuidado com o colégio pode auxiliar para o cumprimento deste papel?

Cesar Goes – Precisamos pensar que o compromisso dos pais com a escola define os rumos da instituição. Se ela vai transformar agentes para transformação social ou não, isso vai ser consequência do próprio contexto. Agora, ela vai formar indivíduos, com representação da sua comunidade local. A linha que a escola vai adotar e o tipo de indivíduo está vinculado com o exercício de cidadania determinado pela comunidade. Acho importante, antes de formar indivíduos para transformação social, promover indivíduos integrados com a comunidade. Para esse segundo ingrediente, a ideia de transformação social, teríamos indivíduos com muita competência cognitiva, bastante informação e com capacidade crítica de transformação.

De que modo a presença dos pais na escola pode contribuir para o comportamento e resultado dos filhos?

Goes – Não se trata do modo como os pais podem contribuir. Um conjunto de pesquisas na sociologia e na educação mostram que quanto mais próximo um pai estiver da educação do seu filho, mais eficácia global de aproveitamento esse filho vai ter. O acompanhamento dos pais deveria estar compreendido nas obrigações e na definição de maternidade e paternidade. Faz parte dessas condições, o acompanhamento da educação que um filho tem. Infelizmente, vejo por uma outra ordem, pais se comprometendo com seus filhos na sua pior dimensão, que é o cerco material e a possibilidade de garantir a terceirização de aspectos importantes da vida dos filhos. Um conjunto muito grande de pais sequer tem conhecimento formal e estão abaixo da educação que seus filhos estão recebendo. Mas não deixam de ter cuidado ou de fazer o acompanhamento. O resultado para os seus filhos é o maior possível. Esses indicadores mostram que o acompanhamento dos pais na escola não está vinculado com a compreensão de conteúdo.

Qual a importância de trazer os pais para dentro da escola não só para resolver problemas dos filhos, mas para evitá-los?

Goes – A escola que não tem a presença permanente e sistemática dos pais, é uma escola com problema. A instituição vai causar um problema para crianças e jovens. É claro que a ausência dos pais no cotidiano escolar gera um problema. Não só afetivo, na medida que o filho não consegue reconhecer o pai na escola, mas quando o papel da presença dos pais não está contemplado.

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