Sem condições de quitar as dívidas, o M.Grupo verá o imóvel onde está localizado o Shopping Lajeado ir a leilão. O pedido foi feito pela RB Capital Securitizadora. A empresa fez a solicitação de venda do prédio na Justiça, e se prepara para repassar o local para um novo administrador.
A empresa de São Paulo quer que apenas o prédio seja vendido, pois este pertence ao M. Grupo. A administração do condomínio seguirá sendo feita pela GlobalMalls, pertencente ao mesmo conglomerado, mas sem qualquer débito com a RB.
A venda do local foi noticiada em dezembro pelo colunista Fernando Albrecht, do Jornal do Comércio. De acordo com o jornalista, o local seria leiloado para quitar um passivo de aproximadamente R$ 600 milhões com mais de cinco mil empresas.
Na época a coordenadora da GlobalMalls, Rozeli Belusso, negou a informação. A negativa não está equivocada, pois a gestão do condomínio segue com a empresa na qual a executiva atua. Quem confirma o leilão é o advogado da Associação dos Lojistas do Shopping Lajeado, César Bublitz.
“Há uma ação de penhora do prédio e ela vai retornar a investidores de São Paulo. A RB é dona do prédio na forma de alienação fiduciária.”
Bublitz diz que os paulistas devem entregar o imóvel para outra empresa. “O prédio será retomado pela RB, porque ele já está em avaliação e será feito um leilão. No momento da venda, a RB vai dar o prédio para outra administradora.”
O responsável da RB pela negociação com o M.Grupo estava em reunião durante a tarde de ontem e não pode atender a reportagem. A assessoria de imprensa informou apenas que, em caso de leilão, o local não será fechado. Segundo a empresa a mudança que ocorrerá são os administradores do imóvel.
Lojistas torcem por mudança
Uma possível troca de administradores é bem vista pelos lojistas. A presidente da Associação dos Lojistas do Shopping Lajeado, Stela Maris, fala da insatisfação dos colegas com a forma como o local vem sendo administrado. “Essa troca de administração com certeza vai ser positiva, porque pior do que está não pode ficar.”
Falta de transparência, cobranças elevadas e falta de manutenção são os principais problemas apontados pelos profissionais que atuam no local. “Eles não prestam contas há muito tempo. A gente nem sabe o que está pagando, dobrou o condomínio esse mês. Eles estão cobrando, certamente, pelas lojas fechadas”, afirma Stela. A associação projeta que 30% das lojas tenham sido fechadas no último ano. A presidente reclama ainda da falta de diálogo dos gestores. “A superintendente tem contato apenas com alguns lojistas.”
Outra reclamação é a paralisação das obras de melhoria do local, iniciadas há cerca de três anos atrás. “Muitos lojistas anteciparam receita para a reforma do shopping. A fachada que era para ser construída até metade de 2014 até hoje não foi alterada”, relata Stela.
A falta de manutenção causou rachaduras no prédio e infiltrações em algumas lojas, gerando prejuízos aos empresários.
Em meio a esse cenário, foi divulgado ontem a falência de uma das empresas do M. Grupo. A operação em crise é do ramo imobiliário, a empresa vendeu na planta apartamentos na região metropolitana, mas o imóveis não foram entregues. A medida não atinge a operação do shopping de Lajeado.
Risco de ficar sem luz
Outro problema são os atrasos no pagamento da conta de luz. A administração do local acumula dívida de aproximadamente R$ 1 milhão com a concessionária de energia. O valor foi parcelado, entretanto a parcela que venceu em janeiro não foi paga pela GlobalMalls, que administra o condomínio.
Com o atraso, a energia deveria ser cortada, porém a RGE-Sul estendeu o prazo de pagamento até sexta-feira, 17. “Há o risco do corte de energia, nós já falamos com o jurídico da RGE eles estão segurando para ver se o pagamento será feito até sexta”, explica Bublitz.
O advogado afirma estar atento às negociações da empresa com a concessionária. “Estamos aguardando que eles paguem a conta até sexta-feira para evitar o corte. Tem o risco, mas está sendo monitorado com o departamentos jurídico da RGE.”
Segundo Bublitz, os administradores têm buscado ajuda dos lojistas para quitar a dívida. “A administração tem procurado lojistas no sentido de antecipar valores para tentar pagar esse parcelamento.”
Incomodados com a falta de transparência, os empresários já acionaram a justiça para cobrar o detalhamento dos gastos. “Os lojistas estão pedindo uma prestação de contas para identificar o que originou este e outros débitos”, informa o advogado da associação.
A RGE-Sul não divulgou os valores do débito e nem confirmou se há risco de corte. Por meio da assessoria a empresa afirmou apenas que “a negociação está em andamento.”
Durante a tarde de ontem a reportagem entrou em contato com a administração do shopping. Os responsáveis em Lajeado declararam que não poderiam se manifestar sobre nenhum assunto. No número da sede do M. Grupo em Porto Alegre ninguém atendeu.