Fechamento de lojas preocupa comerciantes

Vale do Taquari

Fechamento de lojas preocupa comerciantes

Setor tem resultados negativos pelo 2º ano seguido

Fechamento de lojas preocupa comerciantes
Vale do Taquari
oktober-2024

Setor responsável por 37% das empresas de Lajeado, o varejo vem enfrentando um dos momentos mais difíceis da última década. Levantamento feito pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviço e Turismo (CNC), aponta que 7,3 mil lojas fecharam em 2016 no RS. Este foi o segundo pior ano desde que a entidade começou a fazer o levantamento, em 2005.

Apenas em 2015 os resultados foram piores, quando 9,2 mil negócios fecharam as portas. O dado mais preocupante da pesquisa é que o número de estabelecimentos fechados superou os negócios iniciados.

De acordo com o presidente do Sindilojas de Lajeado, Giraldo Sandri, mesmo sem números oficiais da região, o cenário se repete no Vale do Taquari. “Essa realidade vem se repetindo na região, mais ou menos dentro dos mesmos percentuais.” Sandri projeta uma recuperação a passos lentos. “A economia vai se recuperar lentamente, e por consequência a reestruturação do comércio.”

Na avaliação de Sandri, a crise se acentuou em razão de um carga tributária que não acompanhou as vendas nos dois últimos anos. “A variação dos custos não é muito grande, mas as vendas decresceram, então a incidência dos impostos dificulta mais.” Para o presidente, as dificuldades atingem tanto empresas tradicionais quanto as mais novas. “Independe se a empresa é mais antiga ou recente, a que tem uma base mais sólida é menos atingida.”

Entidades locais não têm números sobre pontos comerciais fechados. Sindilojas acredita que percentual acompanha o do RS

Entidades locais não têm números sobre pontos comerciais fechados. Sindilojas acredita que percentual acompanha o do RS

Empreendimentos apressados

Iniciar um negócio por necessidade e sem um plano concreto é apontado por especialistas como um dos principais motivos para o fechamento rápido de empresas. De acordo com estudos do Sebrae, o tempo de vida médio de um negócio é de três anos.

Gestor de projetos de comércio e serviços do Sebrae dos vales do Taquari e Rio Pardo, Diego Zenkner, alerta para a motivação dos empreendedores. “A grande maioria empreende por necessidade, o que não seria o certo. O bom é empreender por oportunidade.” De acordo com Zenkner, isso dificulta o planejamento. “Quando se abre o negócio por necessidade , muitas vezes não tem o tempo adequado para fazer o planejamento.”

Para o gestor, com a crise econômica cresce o número de negócios iniciados sem planejamento. “Com o aumento do desemprego as pessoas acabam buscando outras alternativas, uma delas é empreender.” O especialista alerta para necessidade dos empreendedores evitarem empréstimos.

“Esses resultados não nos surpreendem, pelo jeito com que a economia se comportou, com o agravante da carga tributária no RS”

“Na crise vence quem aplicou na eficácia da gestão”

Presidente da Associação Gaúcha do Varejo (AGV), Vilson Noer acredita que o estado corre o risco de perder espaço na economia do país. O dirigente defende a redução na carga tributária gaúcha, mas não deixa de criticar os empresários que não se prepararam para a crise.

A Hora – Existe uma perspectiva de melhora desse cenário?

Vilson Noer – A nossa expectativa é que em 2017 ainda tenhamos muitas lojas fechadas, mas em um patamar muito abaixo dos números que enfrentamos nos últimos dois anos. Esses resultados não nos surpreendem, pelo jeito com que a economia se comportou, com o agravante da carga tributária no RS para os pequenos lojistas, que são os grandes empregadores do estado. Nós temos problemas especiais no estado que acabaram acarretando prejuízos e dificuldades, especialmente de caixa.

O RS é o quarto principal polo de varejo do país, empatado com o Paraná. O senhor acredita que o estado possa perder essa posição?

Noer – O estado vinha perdendo posições a vários anos por falta de investimento na infraestrutura. Na medida em que o estado não investe nisso, os empresários procuram estados que tenham isso. Nós perdemos muito em competição com outros estados em razão da exagerada carga tributária e pela falta de investimentos. É um ciclo que deveria ser virtuoso, acabou sendo negativo nos últimos anos. Estamos perdendo o status de um estado participativo na economia brasileira. Esperamos que possamos minimizar os problemas ainda no governo Sartori.

Faltou preparação para os empresários durante o período de economia aquecida para enfrentar a crise?

Noer – Essa é uma questão extremamente importante e real. É verdade isso, quando a economia estava bem nós não éramos vendedores nas lojas, éramos recepcionistas. Era tão fácil vender que não precisávamos nos preocupar muito em nos preparar, nos capacitar e evoluir na gestão de negócios. No momento da crise isso tudo mudou completamente. Na crise vence quem aplicou na eficácia da gestão, mas a maioria não fez isso e ela tem, evidentemente, muito mais dificuldade.

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