Família doa livros para presídio feminino

Lajeado

Família doa livros para presídio feminino

Parte do acervo acumulado durante 45 anos será destinado às detentas de Lajeado

Família doa livros para presídio feminino
Lajeado
oktober-2024

“Livro salva”, esta é a filosofia de vida de Zulma Dagmar Kraemer. E por acreditar nesta premissa, ela decidiu doar parte do acervo pessoal, colecionado ao longo de 45 anos, para presídios do estado. Entre as instituições contempladas, a que deve receber o maior número de volumes é o presídio feminino de Lajeado.

Por acreditar no poder transformador da leitura, Dagmar, ou Dague como prefere ser chamada, conservou junto ao marido Raul, o hábito de comprar livros. Durante os 45 anos de casados, a biblioteca cresceu. A tradição familiar só teve fim devido a morte de Raul, em janeiro de 2015.

Depois disso, Dague decidiu se desfazer do sítio em Viamão, onde ficava a biblioteca. Então, decidiu doar os títulos para presídios. A filha, jornalista e professora universitária, Luciana, postou nas redes sociais: “Minha mãe gostaria de encaminhar para presídios, femininos e masculinos. Alguém sabe se isto é possível, é viável? Ou, ainda outra organização coletiva?”

Não demorou para que ela recebesse indicações, entre elas o presídio feminino de Lajeado. Quem intermediou a conversa entre Luciana e o juiz Luiz Antonio de Abreu Johnson foi a colunista da Zero Hora, Rosane de Oliveira.

De acordo com Luciana, a prontidão dos lajeadenses foi determinante para que a cidade fosse contemplada. “O primeiro a me responder foi o juiz Johnson, mostrando uma motivação muito grande. Isso, e o fato de ser um local distante da capital, fez com que decidíssemos doar a maior parte para o presídio.”

União familiar

A leitura também foi um importante elo de ligação da família Kraemer. “Fizemos coleções pensando nas crianças. Nossa vida sempre foi em função de livros”, relata Dague. A paixão foi passada para os filhos e agora para os netos. “A literatura sempre foi como um centro de união da família.”

Nos livros, que devem chegar a Lajeado nos próximos dias, está a marca da cumplicidade do casal. Muitos deles trazem uma dedicatória, ambos tinham por hábito se presentear com diferentes títulos.

“Pessoas que enxergam além do umbigo”

Voluntário que projetou o presídio, o engenheiro Léo Katz é um dos maiores entusiastas da criação de uma biblioteca no presídio. Ele mesmo já doou alguns exemplares e recebeu cerca de 50 volumes de uma empresa de Porto Alegre. O engenheiro agradece o interesse da família Kraemer em doar parte do acervo. “É encantador, doar livros é parecido com doar conhecimento.”

Katz classifica o ato de olhar para população carcerária como uma prova de altruísmo. “São pessoas que enxergam além do próprio umbigo.” O espaço para receber os títulos está sendo preparado e deve ficar pronto dentro de poucas semanas.

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