Venda do Banrisul gera controvérsias

Estado

Venda do Banrisul gera controvérsias

Mesmo com governo negando a privatização, sindicalistas seguem receosos

Venda do Banrisul gera controvérsias
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oktober-2024

As sucessivas negativas do governo sobre a venda do Banrisul não têm sido suficientes para convencer sindicais. O último a refutar a ideia de que o estado vá se desfazer do banco foi o presidente da instituição, Luiz Gonzaga Veras Mota. Na apresentação dos resultados de 2016, ocorrida na manhã de ontem, ele classificou os rumores a respeito da privatização como “uma conversa sem sentido.”

O discurso de Gonzaga está alinhado a outros representantes do governo, como o caso do secretário da Fazenda, Giovani Feltes, que na semana passada negou a venda. O líder do governo na Assembleia, Gabriel Souza (PMDB), também garante que o Banrisul não será privatizado ou federalizado.

No entanto as declarações não convencem o diretor jurídico da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do Rio Grande do Sul (Fetrafi-RS), Luiz Carlos Barbosa. “O Meirelles (Henrique) ministro da Fazenda, está exigindo garantias e já disse que quer o Banrisul”, cita o sindicalista ao lembrar da renegociação da dívida com a União.

Na avaliação de Barbosa, as declarações negando a venda fazem parte de uma estratégia para desviar a opinião pública. “As negativas não procedem, o presidente do banco responde ao governo e ele não vai dizer que vai vender.”

Integrante da base governista na Assembleia Legislativa, Gabriel Souza (PMDB) reconhece o desejo da União em vender o banco. “Nós teremos que federalizar ou privatizar alguns ativos para diminuir o tamanho do estado. Entre eles o melhor deles é o Banrisul, e de fato o governo federal tem interesse nos ativos mais atrativos.”

Mesmo com o interesse de Brasília, Souza garante que a proposta sequer é discutida no Palácio Piratini. “A hipótese do Banrisul ser negociado é zero, isso está completamente descartado e nunca sequer foi cogitado pelo governo.” De acordo com o deputado um dos motivos para descartar essa possibilidade é a disparidade dos valores. “O banco está avaliado em torno de R$ 7 bilhões, em um leilão esse valor triplicaria, e devemos aproximadamente R$ 2,5 bilhões.”

Desejo antigo

O assédio do governo federal ao Banrisul não é uma novidade. As primeiras tentativas foram feitas no final dos anos 90 quando o então governador Antônio Britto promoveu uma série de privatizações de empresas estatais durante a primeira renegociação da dívida.

Ao comparar os dois momentos, Souza destaca o fortalecimento da instituição financeira. “O Banrisul de 1998 é diferente do de 2017. Nesse tempo o banco se fortaleceu, hoje ele é minimamente atualizado e moderno.”

Barbosa vai ao encontro de Souza ao avaliar a importância da instituição financeira para a sociedade atualmente. “O Banrisul é quem financia o pequeno, e até o grande agricultor. O Banricompras permite à população fazer compras e movimentar o comércio.”

O sindicalista esteve ontem em Lajeado para debater com bancários sobre a privatização do banco. A categoria escolheu o município para iniciar uma série de ações que visa evitar o andamento de propostas de privatização.

Queda no lucro

Na manhã de ontem o presidente do Banrisul, Luiz Gonzaga Veras Mota, divulgou o balanço de 2016. Os resultados ficaram abaixo de 2015, com o banco alcançando lucro líquido de 659,7 milhões, uma queda de 14% na comparação com o ano anterior. Na soma do lucro recorrente, a instituição alcançou 652,3 milhões.

Para os dirigentes da instituição, a queda na lucratividade foi consequência do aumento de despesas, especialmente com pessoal. Aliado a isso, houve uma queda nas receitas e despesas operacionais, como a recompra parcial da dívida subordinada e variação cambial, que garantiram receitas adicionais em 2015.

Apesar da menor margem de lucro, o banco encerrou 2016 com  um patrimônio líquido de R$ 6,4 bilhões. Os resultados abaixo do esperado não foram suficientes para o presidente da instituição admitir uma possível venda do banco.

Durante a apresentação Segundo o dirigente, o assunto não está sendo debatido no momento. “O assunto não está no timing do governo e nem no nosso.” Ele garantiu “confiar no governo” quanto as negativas de privatização do Banrisul.

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