Associação surge  como alternativa  para o Carnaval

Lajeado

Associação surge como alternativa para o Carnaval

Governo e algumas entidades carnavalescas acreditam que a formação de um grupo seja a melhor opção para dar continuidade ao evento na cidade

Associação surge  como alternativa  para o Carnaval

A suspensão do Carnaval pelo governo ainda causa polêmica. Representantes das escolas de samba reclamam da atitude.

Mas acreditam que criar uma organização independente ao poder público seja uma das alternativas para viabilizar o evento em 2018.
A ideia foi levantada pelo próprio Executivo, durante o anúncio da suspensão, na quarta-feira, 25.

De acordo com o prefeito Marcelo Caumo e o secretário da Cultura, Esporte e Lazer (Secel) Carlos Rodrigo Reckziegel, não haveria recursos para arcar com as despesas, estimadas em R$ 100 mil.

Se contasse com um apoio maior das entidades, e mais tempo para organização, a festa poderia ser viabilizada.
O presidente do Bloco Samba Reggae Capoeira, Paulo Renato Narciso, o mestre Karkará, participou do encontro.

Ele concorda com a elaboração de um projeto sustentável para manutenção do Carnaval, e necessidade de maior preparação para 2018.
A criação de uma associação das agremiações é essencial.“Por meio dal, poderíamos angariar recursos, e contrairmos as despesas com a bateria e fantasias. Deixando para a prefeitura somente os gastos com estrutura. Precisa ser algo conjunto.”

Com recursos próprios, o bloco participará como ala em escolas de Cachoeira do Sul e Rio Pardo. No Vale, não prestigiará eventos. Cerca de 110 pessoas integram a agremiação.

Desmotivados

O Bloco dos Palhaços também se movimentará para angariar verbas, de modo independente. Prevê para fevereiro ou março a realização de uma gincana, a fim de repor parte dos R$ 20 mil já empenhados para participação no Carnaval.
A competição ocorre no Parque do Imigrante, local dos ensaios do bloco. “Queremos atrair a comunidade para participar.

Vamos oferecer atrações próprias. Também é uma maneira de integrar o grupo”, explica Darci Possamai, presidente do bloco.
Além do dinheiro que será angariado com a atividade, a entidade tem verbas provenientes da anuidade dos associados. Neste ano, a agremiação se apresentará em Estrela e Bom Retiro do Sul.

Mas lamenta o cancelamento do evento na cidade natal. Esse corte total é ruim. Todo o grupo está desanimado. Fazemos o evento o ano inteiro esperando o Carnaval. Mas a gente vai em frente.”

Possamai acredita numa renovação para 2018, por meio da criação de uma associação carnavalesca.
“Seria muito bom. A verba viria por meio da associação. Poderíamos fazer projetos conjuntos. Tudo seria facilitado, não só para nós, mas para todas as entidades.”

Alternativa possível

A presidente da Escola de Samba Só Alegria, Neusa Maria dos Santos, acredita que o futuro do Carnaval depende da criação dessa associação.
“Pela prefeitura ficou cada vez mais difícil, e vai se tornar cada vez pior. Vai acabar não acontecendo mais se continuar assim.”
Ela aponta a burocracia e as trocas de governo como principais impedimentos para o projeto.

“Cada gestão apresenta um plano diferente, promete incentivos e condições, mas nada sai do papel.” Por esses motivos, a entidade não participa do Carnaval faz dois anos.
“Sem uma organização para nós fica complicado. Não temos barracão, ensaiávamos na rua e o pessoal usava minha cozinha e meu banheiro. Usávamos a conta da associação de moradores para receber os recursos, mas nem isso era mais permitido.”
Caso a associação seja fundada, a probabilidade de participação da escola aumenta. “Há pessoas interessadas nessa causa, que podem mudar essa trajetória. Acredito que seja possível.”

Recurso público

Já para a presidente da escola Academia do Samba, Teresinha Rosa da Silva, não há possibilidade de manter a entidade e o Carnaval sem a iniciativa pública.

Desde 2015, a agremiação não participa do Carnaval, devido à baixa nos repasses.
“Não temos nenhuma sede, nenhuma escola para fazer uma festa. E a prefeitura não ajuda.” Cerca de 150 pessoas participariam da organização, caso houvesse alguma forma para manutenção.

Agora ela aguarda um movimento do poder público para retomar as atividades. A reportagem tentou contato com representantes da Só Alegria, mas não obteve retorno.

“Em um mês não fazemos Carnaval”

O titular da Secel Carlos Reckziegel afirma que, a partir de abril, marcará reuniões periódicas com as agremiações. O objetivo é definir em conjunto qual será o formato do Carnaval em 2018, e então, preparar-se financeiramente para o evento.
“Precisamos fazer licitação, e outras questões que demoram. Em um mês, não fazemos Carnaval.” Ele defende a necessidade de as próprias agremiações se organizarem como associação.
O secretário ressalta que a administração não é contra a realização do Carnaval, mas precisa de contrapartidas. Outras entidades, como clubes de mãe, a Oclaje, grupos culturais alemães e italianos se mantêm com recursos próprios.
“Fazem outros eventos, realizam atividades durante o ano, buscam recursos na iniciativa privada, é isso que precisamos para o Carnaval.” Reckziegel aposta que no futuro será possível o poder público apoiar a folia, mas não como promotor oficial.

R$ 100 mil

O valor apontado pela administração para custeio do Carnaval neste ano motivou questionamentos. Ao contrário da afirmação do secretário, as escolas não teriam solicitado R$ 20 mil cada.

Mas apenas indicado que esse seria o valor total para participar, em parte, custeado por elas próprias.
Porém, explica que não contabilizou apenas os valores gastos com as entidades, mas com toda a estrutura.

“Não fizemos um levantamento detalhado. Mas acreditamos que ficaria mais ou menos nisso.” Ele cita que somente o Bloco dos Palhaços teria recebido R$ 11,5 mil em 2016. Em 2015, todo o evento teria custado R$ 89 mil.

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