“Fugiu, fugiu. Pega, pega”. Ontem, a manhã de uma moradora do Condomínio Universitário, na av. Alberto Pasqualini, começou com o barulho de tiros, gritos de policiais e choro de criminosos baleados. “Foram muitos tiros. Até moro em um apartamento distante, graças a Deus. Mas o susto foi enorme”, resume a mulher de 23 anos, que vive faz pouco mais de um ano no local.
Ela foi acordada durante uma ação policial iniciada por volta das 6h45min, e que resultou na prisão de cinco pessoas com armas e drogas. Todas estavam em um apartamento localizado no bloco B do condomínio popular. No local, há oito prédios em um mesmo terreno. Houve troca de tiros e tentativa de fuga por parte dos suspeitos.
Conforme o delegado, Juliano Stobbe, que coordenou a ação, quatro homens pularam da janela e da sacada do apartamento ao perceberem a chegada dos policiais. Diante disso, uma granada de efeito moral foi lançada dentro na residência para tentar impedir a fuga dos suspeitos. Foi nesse momento que os agentes atiraram.
Pelo menos um dos homens foi baleado durante a fuga, mas sem gravidade. Trata-se de Robinson Ricardo da Silva, 28, morador de Sapucaia do Sul. Ele é o único dos cinco presos sem relação com Lajeado. Os demais foram identificados como Otávio Augusto de Almeida, 20, Jonathan Igor Monteiro, 21, Carlos Willian Mezacasa, 25, o “Lila”, e o sobrinho dele, Magnon Roberto Mezacasa, 24, o “Maguinho”.
Dentro do apartamento, os policiais apreenderam certa quantidade de maconha, cocaína e comprimidos de ecstasy. De posse dos suspeitos, também foi encontrado um revólver calibre 38 com numeração raspada, munições extra de calibre 38 e 40, quantia em dinheiro – cerca de R$ 1,5 mil – , balança de precisão para embalar drogas e celulares.
“As denúncias foram nesse sentido. Por se tratar de um ponto de tráfico e intensa movimentação e festas”, resume Stobbe
Os cinco foram autuados em flagrante por associação criminosa, tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo.
Segundo Stobbe, eles não ficarão presos no Presídio Estadual de Lajeado. Isso porque, de acordo com as investigações, são suspeitos de participar de facções criminosas ligadas ao tráfico de drogas e responsáveis pelos recentes atentados com morte na cidade.
Relação com duplo homicídio
Stobbe afirma que pelo menos dois suspeitos presos ontem – Lila e o sobrinho Maguinho – são suspeitos de executarem, na terça-feira, Marcos José Soares, 36, o “Maninho”, e André Fernando Klauck, 36. As vítimas tinham passagens por tráfico, furto e roubo, e foram mortas com tiros de fuzil e pistola 9mm, dentro da casa de Maninho, na rua Borges de Medeiros, no centro.
“Os dois suspeitos já foram aliados do Bilé (Cristiano Mateus Soares, irmão de Maninho). No entanto, após a morte do pai do Lila, em setembro do ano passado, que em tese teria sido a mando do grupo de Bilé, eles mudaram de lado”, acredita o delegado.
Lila estava ao lado do pai, Írio Mezacasa, então com 62 anos, quando ambos foram atacados no bairro Conservas. Alvejados com tiros de pistolas 9 mm e .380, Lila passou por cirurgia no Hospital Bruno Born. O pai chegou a ser internado, mas morreu. Ontem, Lila quebrou um pulso ao tentar fugir pela sacada.
