Devotos reverenciam a rainha das águas

Vale do Taquari

Devotos reverenciam a rainha das águas

Comunidades ligadas à Nossa Senhora dos Navegantes prestam homenagens

Devotos reverenciam a rainha das águas
oktober-2024

Uma das festas mais populares do Brasil é celebrada nas comunidades ribeirinhas de várias cidades da região. O Dia de Nossa Senhora dos Navegantes conta com eventos festivos em cidades como Arroio do Meio, Encantado, Bom Retiro do Sul, Cruzeiro do Sul e Taquari.
Na primeira, em Arroio do Meio, a festa na Comunidade de Nossa Senhora dos Navegantes inicia hoje, às 20h. As atividades comemorativas se estendem até domingo. Paz é o tema das missas ao longo da semana.
Um dos momentos mais esperados ocorre amanhã, às 20h, quando devotos realizam a procissão luminosa. Os fiéis levam luzes e velas pelas ruas centrais da cidade. Ao chegar à beira do Rio Taquari, os participantes passeiam de barco. Trata-se de um momento para fazer pedidos e preces, bem como agradecimentos à protetora das tempestades e demais perigos de mares e rios. Os atos terminam de volta à capela.

A professora aposentada, Lourdes Zanatta Both, 66, integra a diretoria da comunidade faz 34 anos. A atual presidente afirma ser a festa mais tradicional da cidade. É a única, segundo ela, a realizar três noites seguidas de missas em homenagem à rainha das águas. “Aqui tem muita interação entre as pessoas. É momento de conscientizar sobre o papel de cada na comunidade.”
Entre as primeiras ações como nova presidente, Lourdes busca a criação de uma diretoria só de mulheres. Para ela, é importante debater sobre a representatividade feminina na comunidade.

Segundo Lourdes, as devoções de outras religiões realizadas no mesmo período são importantes para diversidade. “Há respeito entre as religiões. E o salão paroquial está aberto a essas outras expressões populares.”
Na 105a edição, o evento consagrado na região acompanhou o crescimento da comunidade ribeirinha. A presidente salienta o desenvolvimento do bairro Navegantes. “A diferença é que agora vemos empresas, empregos e, principalmente, facilidade de acesso à educação.”

Ribeirinhos pedem proteção

Dona Celíria Erena Dutra, 59, é servente de limpeza. Em uma casa pequena de madeira à beira do rio, residem nove pessoas. A família vive à espreita em épocas de cheias. É que a localização da casa pode deixá-los ilhados em pouco tempo se o rio subir depressa. “A água vem de todos os lados. Quando tranca a rua, não conseguimos mais sair pelo outro lado.”
Celíria conta que já perdeu muitos móveis e objetos na enchente. Na casa, as avarias aumentam cada vez que a água invade. Mas a maior preocupação é com a segurança da família.

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Iemanjá renova a fé

Em outras religiões, no Dia de Nossa Senhora dos Navegantes, são realizados cultos à Iemanjá. A tradição chegou ao Brasil por influência dos negros, que reverenciavam o orixá africano. A origem é do povo de Egda, comunidade situada na cidade de Abeokuta, na Nigéria.
A cultura das oferendas e de pedir proteção para navegar é vasta de nomenclaturas. Conhecida como Mãe d’Água, Rainha do Mar, Sereia, Inaê, Aiucá ou Dona Janaína, chamada na Região Nordeste, é cercada de mistérios.
O nome Iemanjá deriva da expressão Yoruba yèyé omo ejá, que significa Mãe cujos filhos são peixes. No culto original, é um orixá associado aos rios, à fertilidade feminina, à maternidade e primordialmente ao processo de gênese do Àiyé (mundo) e à continuidade da vida (emi). Iemanjá é regente da pesca e do plantio e colheita de inhames.

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