O tradicional desfile de Carnaval de Rua não ocorrerá neste ano. A decisão foi anunciada nessa quarta-feira pelo prefeito, Marcelo Caumo, e o secretário da Cultura, Esporte e Lazer, Carlos Rodrigo Reckziegel. O motivo alegado é resguardar os recursos diante da necessidade de priorizar os gastos e recuperar a capacidade de investimento do município. Blocos e carnavalescos criticam a medida.
O anúncio oficial da suspensão do evento foi feito aos integrantes do Bloco dos Palhaços, do Cascata, Só Alegria e Samba Reggae. No encontro, realizado na prefeitura, os carnavalescos solicitaram cerca de R$ 20 mil para cada bloco. Os recursos seriam necessários para produzir as alegorias e organizar o evento.
No entanto, para a nova administração, será necessário encontrar uma outra forma de financiar e organizar a festa, a exemplo do que já ocorre em outras cidades, como Porto Alegre. Os gastos estimados, segundo o poder público, ultrapassariam os R$ 100 mil.
“Queremos apoiar as entidades para buscarem outras formas de financiamento, para que não dependam do poder público para fazer o desfile de rua. A prefeitura pode apoiar, mas não ser a principal financiadora de um evento como esse”, salienta o prefeito. “Temos que ter mais clareza das prioridades e necessidades de investimento antes de um repasse desse valor”, complementa.
Na mesma reunião, foi definido com as entidades que serão feitas reuniões ao longo do ano para discutir as alternativas para a realização do Carnaval de 2018. “Não somos contra. Mas é preciso organizar melhor esses eventos. Não podemos iniciar o governo nessa situação, e gastar tantos recursos. Deixamos claro que não iremos mais custear tudo sozinho”, observa Reckziegel.
Bloco já gastou R$ 20 mil
A Associação Bloco dos Palhaços de Lajeado não aprova a decisão da prefeitura. Segundo o presidente, Darci Possamai, o grupo investiu em torno de R$ 20 mil para garantir participação no tradicional Carnaval de Rua. Agora, o valor terá que ser quitado com recursos próprios. “Desde o começo de janeiro preparamos os carros alegóricos e as fantasias. Estamos com quase tudo pronto.”
Conforme ele, o governo sabia da organização do bloco e foi convidado a conhecer o “barracão” montado no Parque do Imigrante. “Em nenhum momento eles nos disseram que não haveria Carnaval. A reunião com o secretário foi adiada várias vezes. A galera está triste com a notícia”, diz.
Já Reckziegel faz questão de enaltecer a organização do grupo. “O bloco é exemplo. Organizado, com estatuto e patrocínios. Os demais dependem exclusivamente do recurso do Executivo.”
O bloco resolveu aceitar o convite das prefeituras de Estrela e Bom Retiro do Sul para não perder o ano. “Mesmo pagando com o próprio bolso, decidimos continuar a confecção porque o Carnaval merece.” Um CD com composições próprias está sendo finalizado. O Mundo da Imaginação é tema escolhido para o álbum. “Já cogitamos fazer um galeto e outras festas para arrecadar verba. Precisamos quitar o valor.” São 150 componentes e o grupo completou ontem 46 anos de existência.
