A suinocultura nacional registra crescimento constante para atender a demanda por proteína animal. Esse aumento vem acompanhado da maior concentração de animais na mesma granja e isso gera um volume maior de dejetos.
Preocupada com o desenvolvimento sustentável, além do manejo e destino correto dos resíduos, a Secretaria da Agricultura e Meio Ambiente elabora uma série de estratégias para manter e ampliar a criação de suínos no município. As medidas serão aplicadas com mais rigor após a mortandade de peixes no Arroio Boa Vista, causada por presença de fezes.
Conforme o secretário, Vitor Ahlert, é preciso buscar alternativas para evitar a contaminação do solo e dos lençóis freáticos e, no futuro, criar uma nova fonte de renda ao produtor.
Entre as propostas a serem adotadas, estão a instalação de bebedouros ecológicos e a cobertura das fossas para diminuir o volume de dejetos. “A maioria ainda é aberta.”
A fiscalização para evitar o transbordo das estruturas será intensificada. O maior problema é registrado nas antigas instalações, onde o depósito de efluentes é feito de forma rudimentar.
Para construir novos espaços, é exigido o tratamento do esterco direto na propriedade. “Reduz o volume, o custo com o transporte, consegue-se reaproveitar a água e no futuro criar uma nova fonte de lucro.” O incentivo para a produção de biogás e biometano não está descartado.
Para tentar aliviar o custo com o transporte de dejetos da propriedade às lavouras, o Executivo estuda terceirizar a contratação de caminhões-tanques para espalhar o esterco. “Hoje a produção está estagnada. Com esses incentivos, com foco na sustentabilidade e novas fontes de lucro, talvez voltemos a ter novos investimentos.”
Além da cadeia de suínos, o prefeito Otávio Landmeier destaca a necessidade de ajustar o tratamento dos dejetos oriundos da criação de aves e gado leiteiro. “Precisamos agregar valor. A compostagem do material é uma alternativa.”
Com auxílio técnico e financeiro, entende ser possível que os produtores investam na transformação dos resíduos. O projeto é desenvolvido com apoio da Associação de Desenvolvimento Rural Sustentável.
Outra preocupação é com o licenciamento ambiental. Estrela, Teutônia, Arroio do Meio, Colinas, Westfália, Bom Retiro do Sul e Imigrante mantêm 320 mil animais alojados em 1,8 mil propriedades. Dessas, apenas 487 mantêm a licença atualizada.
Em Westfália, são produzidos por ano 65 mil suínos. Em 2010, o abate bateu recorde e chegou a 54 mil cabeças. Por animal, a média diária de dejetos varia entre quatro e sete litros, dependendo do ciclo produtivo.
Pioneiros na região
A Cooperativa Languiru passou a produzir biogás na Unidade Produtora de Leitões Mundo Novo, em Bom Retiro do Sul. Desde 2014, a unidade de 80 hectares utiliza o biogás, produzido a partir dos dejetos suínos, no aquecimento dos chuveiros e na cozinha da unidade, substituindo gradativamente o gás de cozinha.
Segundo Tiago Feldkircher, engenheiro ambiental, são produzidos de 400 a 500 metros cúbicos de biogás na unidade – o suficiente para fornecer energia elétrica para 162 residências em um dia. Hoje, a planta consome apenas 10 metros cúbicos.
Em Westfália, a Granja Agrosuínos do Vale, por meio de centrífugas, separa os resíduos líquidos, que representam entre 95% e 97% dos dejetos sólidos.
Por ano, no Vale do Taquari, são produzidas 5,7 milhões de toneladas de dejetos de suínos, além de resíduos de bovinos, aves, equinos, ovinos e industriais.