A realização da Operação Balada Segura está comprometida desde o início da atual gestão. Isso porque o prefeito, Marcelo Caumo, assinou decreto suspendendo todos os pagamentos de horas extras no serviço público. Com isso, o Departamento de Trânsito projeta realizar as abordagens a cada 15 dias, diferente do cronograma semanal previsto no convênio com o Detran/RS.
O chefe do Departamento de Trânsito, Carlos Kayser, confirma a redução no número de ações durante a validade do decreto. “Houve alguns apontamentos por parte do controle interno referentes a excessos de horas extras durante a gestão passada. E, naturalmente, o nosso setor consome bastante. Por isso, a necessidade de reavaliar toda essa situação”, informa.
Kayser explica que cada agente realiza seis horas extras durante cada Balada Segura. Segundo ele, apenas 15, entre os 36 servidores do departamento, trabalham nessas operações. “A maioria não quer. Teme os riscos gerados pela ação. E não podemos obrigá-los a atuar. Então realizamos rodízios com esses 15 que se dispõem”, diz.
Só no ano passado, o município gastou cerca de R$ 120 mil com horas extras referentes às operações. Parte desse montante a mais repassado aos 15 agentes de trânsito que costumam atuar na Balada Segura ocorreu durante turno único decretado pelo ex-prefeito. Isso porque o decreto assinado por Luís Fernando Schmidt não incluía esses servidores nas medidas de contenção de gastos.
“Todo evento público ou todos os problemas verificados em vias públicas demandam a presença de agentes de trânsito. Por isso é alto o número de horas extras nesse setor”, explica Kayser.
Em 2016, 4,9 mil abordagens
As operações são realizadas sempre das 17h às 23h. Só em 2016, foram realizadas 51 ações ssentido. Essas resultaram em 4.972 motoristas abordados, 649 autuações diversas – documento vencido, carteira suspensa, condutor sem cinto de segurança, entre outras – 145 autuações por embriaguez e sete prisões.
A última prisão ocorreu no dia três de novembro passado, durante Operação Balada Segura que vistoriou 114 veículos na rua Carlos Spohr Filho, próximo ao porto seco, no bairro Moinhos, e na rua Marechal Deodoro, ao lado da Sprits, no Centro. Em uma das autuações, o condutor de um Clio, ao perceber a blitz , fez o retorno e acabou abordado na rua Borges de Medeiros.
O motorista fez o teste do etilômetro, que apontou 0,68 mg de álcool por litro de ar expelido. O acusado teve que pagar uma fiança de R$ 500 na Delegacia de Polícia para ser liberado e não precisar ir até o Presídio Estadual de Lajeado. O valor da multa por embriaguez, desde novembro, é de R$ 2,9 mil,
Mudanças no horário
Além de reavaliar a questão das horas-extras, o chefe do Departamento de Trânsito também avalia a efetividade do horário estipulado para as operações. Realizada só até às 23h, a Balada-Segura acaba não atingindo aqueles motoristas que conduzem veículos durante a madrugada. Kayser afirma que o período de abordagem é padrão.
“Confesso que, antes de assumir o cargo, eu achava o horário um pouco inadequado. Mas, ao ter acesso aos números das operações em Lajeado, tenho a impressão de que as abordagens entre 17h e 23h está surtindo efeito. Mesmo assim, vamos reestudar esta questão”, afirma.
A Balada Segura faz parte das ações do Governo do Estado para a Década de Ação pela Segurança no Trânsito – período entre 2011 e 2020 – com o objetivo de combater a violência no trânsito e reduzir pela metade o número de mortos. Segundo estimativas da ONU, o álcool está presente em mais da metade dos acidentes automobilísticos com mortes.
