Comerciantes têm até março para iniciar a logística reversa de lâmpadas nos estabelecimentos. O prazo foi estipulado pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema), por meio de resolução publicada em dezembro.
A norma prevê que cada vendedor de lâmpadas informe onde o consumidor deverá devolvê-las. O ponto poderá ser o próprio estabelecimento, definido em conjunto com os demais lojistas e município.
A partir do recolhimento, o empresário também será responsável por encaminhar as lâmpadas a uma central de armazenamento e depois a uma unidade de descontaminação – a mais próxima fica em Santa Catarina. A Fecomércio é parceira do Consema e auxiliará os empresários nesse trabalho.
“Na própria resolução, constam caminhos práticos para isso. Eles precisarão se adequar”, afirma a presidente do Consema, Maria Patrícia Mollmann. Segundo ela, o objetivo a partir da ação é evitar que esses produtos continuem sendo depositados junto ao lixo comum.
O maior perigo está no mercúrio. Metal presente nas lâmpadas fluorescentes em forma de pó, se espalha pelo ar, e acaba se acumulando no organismo humano. Pode causar problemas nos sistemas nervoso e digestivo e até matar. Além disso, há risco de lesões, causadas pelos vidros quebrados.
Consumidores atentos
Maria acredita que a adequação das lojas será um passo importante rumo à logística reversa. Porém, se não houver a participação dos consumidores, nada será possível. “É um processo que precisa ser construído. As pessoas devem saber para onde levar esses produtos, e qual o perigo que correm se não fizerem isso.”
Conforme informações da Secretaria do Meio Ambiente (Sema) de Lajeado, o descarte incorreto é comum na cidade. Para evitar, foca na educação ambiental e conscientização, em especial nas escolas. Mas ainda há desconhecimento da população acerca da necessidade da logística reversa. Empresas também não contribuem com o serviço. A revisão do Plano Municipal de Gerenciamento Integrado de Resíduos deverá ser o caminho para solução.
Recolhimento garantido
Há cerca de um ano e meio, a logística reversa é algo habitual na loja de Gladis Cassol. Especializado no ramo de iluminação, o estabelecimento recolhe todos os tipos de lâmpadas e dá destinação correta. Segundo Gladis, produtos vendidos por outras lojas também acabam sendo recolhidos. “As pessoas não sabem para onde levar e acabam deixando aqui.”
Ela afirma que gasta R$ 0,50 para enviar as lâmpadas à unidade de descontaminação, por meio de uma empresa de Caxias do Sul. “É um valor considerável, mas não podemos deixar de recolher.” Gladis acredita que a situação seria facilitada se o município estipulasse alguns pontos na cidade para que as pessoas fizessem o depósito. “Poderíamos pagar por um caminhão cheio e talvez diminuir os custos. Assim acabamos mandando um volume baixo e muitas lâmpadas ainda acabam no lixo comum.”
Acordo setorial
Publicado em 2015, o acordo firmado entre a União e as principais empresas de importação e distribuição de lâmpadas prevê que os municípios implantem um um sistema para destinação correta de lâmpadas. Pelo número de habitantes, Lajeado seria um dos locais atingidos no quarto ano da ação, iniciada em 2017. Com a resolução do Consema, o processo será agilizado no estado e consequentemente na região.