Troca de presos atrai facções para o Vale

Vale do Taquari

Troca de presos atrai facções para o Vale

Em uma semana, cinco homens foram presos suspeitos de integrar gangues de POA

Troca de presos atrai facções para o Vale
Vale do Taquari

A chegada das facções criminosas na região se torna cada vez mais real de acordo com a Polícia Civil. Desde quinta-feira passada, 12, cinco homens foram detidos suspeitos de integrar gangues originárias de Porto Alegre. Os três primeiros foram presos em um intervalo de menos de 12 horas em Lajeado. Os dois últimos foram detidos em Estrela.

Os primeiros presos confirmaram à Brigada Militar (BM) integrarem o grupo autointitulado Manos, gangue fundada pelo assaltante Dilonei Melara no fim da década de 90. As investigações apontaram a participação deles no atentado contra Cristiano Mateus Soares, conhecido como ‘Bilé”, pertencente a um grupo rival.

Diferente dos homens presos em Lajeado, os dois detidos em Estrela negaram participação em uma organização criminosa. Porém, a Polícia Civil afirma que a forma de atuação dos criminosos dá indícios da ligação deles com grupos da Região Metropolitana. O último detido foi Guilherme Henrique Araújo, com quem a polícia encontrou drogas embaladas para venda e dois revólveres, um calibre 38 e outro 32.

De acordo com delegado regional do Vale do Taquari, Miguel Mendes Ribeiro, a ação de gangues é uma hipótese que vem sendo investigada. “Nos chama a atenção a prisão de indivíduos de várias regiões, principalmente Metropolitana, o que robustece a presença dessas facções.” Além da presença de criminosos de outras cidades na região, outras características das ações também dão indícios do fortalecimento das gangues no Vale. “A demonstração de poder com uso de armas de calibre pesado e de uso restrito das forças militares nos leva ao indicativo de que essas facções estão criando tentáculos no interior.”

Para tentar evitar o crescimento desses grupos, Ribeiro garante o fortalecimento de ações de combate à posse ilegal de armas. “Vamos focar as investigações dos homicídios e tentativas e apreensões de armas de fogo. E contamos com a ajuda da comunidade para denunciar os criminosos.”

“Eu me surpreendi há dois anos quando percebi que em Santa Cruz  do Sul já havia uma divisão geográfica muito clara de domínio das facções.”

“Eu me surpreendi há dois anos quando percebi que em Santa Cruz do Sul já havia uma divisão geográfica muito clara de domínio das facções.”

“O estado organiza o crime”

Especialista em Segurança Pública e autor de livros sobre o tema, Marcos Rolim garante que as gangues de Porto Alegre têm aumentado a atuação no interior do estado. “Eu me surpreendi há dois anos quando percebi que em Santa Cruz do Sul já havia uma divisão geográfica muito clara de domínio das facções.”

Ao diagnosticar as causas do problema, Rolim vê o sistema carcerário como motivo para essa situação. “Um dos pontos centrais para explicar essa disseminação é o envio de presos da capital para o interior.”

Segundo ele, essa foi a mesma política adotada em São Paulo que culminou com o crescimento do Primeiro Comando da Capital (PCC), que enviou integrantes da quadrilha para outros estados. “O Estado é especialista em organizar o crime.” Apesar do crescimento, Rolim afirma que os grupos do RS estão longe da organização e perigo dos paulistas.

 

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