Setenta e cinco moradores da região que viajavam para Rivera, no Uruguai, viveram momentos de pânico na madrugada de sábado. Eles estavam em dois ônibus que foram assaltados por volta da 1h, na BR-471, em Santa Cruz do Sul. Por mais de uma hora, os passageiros ficaram sob a mira das armas de pelo menos seis homens, que levaram desde celulares até joias e dinheiro.
Conforme informações do proprietário e motorista de um dos ônibus, Lucas Rockenbach, 30, a viagem iniciou em Travesseiro e Progresso, mas também recolheu pessoas em Marques de Souza, Arroio do Meio e Lajeado. Quando os veículos iam em direção a Pantano Grande, foram abordados por condutores de um Space Fox e um Siena.
“Eu nem vi eles, o outro ônibus estava na minha frente. Só escutei os barulhos dos tiros. Me obriguei a parar”, conta. Rapidamente, os assaltantes adentraram o ônibus e começaram a ameaçar os excursionistas. “Apontaram a arma para mim e me mandaram seguir para uma estrada de chão.” Quando pararam num acesso secundário à RSC-153, os bandidos iniciaram o roubo dos pertences. Com as luzes apagadas, usavam uma lanterna para iluminar o veículo e assaltar os passageiros. Alguns deles, relutaram em entregar o que tinham, e um tiro acabou sendo disparado de dentro para fora do veículo. Ninguém se feriu. “Estavam bem cientes do que queriam. Diziam que se não entregássemos o dinheiro, iriam nos matar.” O assalto durou cerca de uma hora e, além dos pertences, levou o sossego das vítimas.
Pânico
Uma das passageiras, que prefere não se identificar, não dorme desde a noite do assalto. “Foi pânico total. Ainda estou traumatizada.” A situação nunca passou pelo pensamento da jovem, ainda mais com tamanha violência. “Diziam que iriam estourar a nossa cabeça. Achei que iriam nos matar.” Essa era a primeira vez que ela iria a Rivera. A irmã fazia companhia, e delas foram levados R$ 4 mil. “Nunca mais quero pensar em ir para lá. Quero esquecer disso.”
Medo
Rockenbach conta que em cinco anos de excursões para Rivera foi a primeira vez que o grupo sofreu um assalto. “Nunca havia acontecido nada.” Desde outubro, ele e o dono de outra empresa de transportes, de Progresso, resolveram fazer as viagens juntos, a fim de evitar transtornos.
“Era muita procura. Então passamos a fazer em dois veículos.” Agora, ele já não sabe mais se irá tirar o sustento das viagens. “Será que organizamos outra? Ficamos com medo. Esperamos que deem um jeito nisso aí.”
Investigação
O caso é investigado pela 2ª Delegacia de Polícia de Santa Cruz do Sul. Conforme o titular da DP, Alessander Garcia, há indícios de que haja relação entre esse e outro assalto ocorrido em 11 de dezembro. Na ocasião, cerca de 40 pessoas que seguiam de Lajeado para Santana do Livramento tiveram os pertences levados por três bandidos.
“Há semelhanças, como a forma de abordagem, mas ainda não há nada concluído”, afirma. O tiro disparado dentro de um dos ônibus foi feito com uma arma de fogo de uso restrito, de 9 milímetros. O que para o delegado não é fator preponderante. “Isso circula. Todos os grupos que investigamos usam esse tipo de arma.”
Ele acredita que, pela rota utilizada, os bandidos tenham ligação com o Vale do Rio Pardo. “Se não tiverem a base, pelo menos há alguns parceiros por aqui, por conhecerem a geografia.” Não há previsão para conclusão do inquérito.
