Falta de transporte dificulta chegada à UPA

Lajeado

Falta de transporte dificulta chegada à UPA

Usuários reclamam das poucas linhas disponíveis

Falta de transporte dificulta chegada à UPA
Lajeado

Berenice Silva, 30, tem um filho de 2 anos e com frequência precisa pagar vizinhos para levá-la de carro até a UPA. Ela mora no bairro Morro 25. Sem condução própria para fazer o deslocamento, a alternativa se resume ao transporte público, ao serviço de táxi ou ao auxílio dos vizinhos.

Na avaliação dela, seria fundamental se a empresa que passa no bairro incluísse a UPA no itinerário. Hoje para chegar até o local com o transporte público, ela precisa usar dois ônibus.

Lajeado não conta com um sistema integrado e bilhetagem eletrônica no transporte público. Isso obriga Berenice a pagar R$ 3,80 em cada ônibus que usa. Para ir e voltar, ela gasta cerca de R$ 15,20. De táxi, o custo é de R$ 25. A noite o valor aumenta. Aos vizinhos, o preço é quase o mesmo.

Carlos Farias, 59, é presidente do bairro e passa pela mesma situação. Segundo ele, outro problema é o tempo de espera pelos ônibus. Em muitas situações, chega a 45 minutos. Do centro até a UPA, são mais 25 minutos.

Na segunda-feira, saiu às 9h45min para consultar e retornou para casa às 14h30min. “Como uma pessoa doente consegue ter condições de ficar tanto tempo aguardando para chegar até o local de atendimento?”, questiona.

De acordo com ele, no posto de saúde, na maioria das situações, não há ambulância disponível para fazer o deslocamento da população. Além disso, para muitas pessoas o custo para chegar até a UPA impacta no orçamento doméstico.

Para buscar alternativas, Farias vai levar a demanda ao prefeito Marcelo Caumo, durante reunião com os presidentes das associações de moradores.

A Scherer Viagens e Turismo é a única que liga alguns bairros à UPA. De acordo com informações do site da empresa, três linhas passam pelo local.

Marisa Schuster, 37, mora no bairro Olarias. Para receber atendimento, conseguiu fazer uso de um ônibus que passa no bairro. Como o tempo de espera para voltar é muito longo, pediu ao pai para buscá-la.

Para ela, o maior problema é à noite, quando a única alternativa são caronas ou táxis. “O atendimento aqui é muito bom, o único problema é depender de ônibus para fazer o deslocamento.”

Apesar do alto custo, maioria das pessoas que precisa de atendimento na unidade recorre aos táxis

Apesar do alto custo, maioria das pessoas que precisa de atendimento na unidade recorre aos táxis

Problema amplo

A dificuldade é um problema que se aplica a todos os bairros e atinge, em especial, as comunidades mais carentes. A administração municipal afirma ter conhecimento da dificuldade de mobilidade enfrentada pela população. Para tentar resolver a situação, uma avaliação está sendo feita para verificar formas de solucionar ou atenuar a situação.

Difícil acesso

A UPA fica às margens da rodovia ERS-413, no bairro Moinhos D’Água. Além do local ficar afastado do centro e das áreas mais populosas, a via carece de uma rótula. A obra foi solicitada ao Daer em 2014, quando a unidade foi inaugurada. Segundo o órgão estadual, por falta de visibilidade, uma rótula não será construída.

Imbróglio do transporte

A primeira tentativa de licitar o transporte público ocorreu em 2007, mas o processo foi impugnado a pedido de uma das empresas concorrentes.

No último governo, uma empresa especializada apontou qual seria a alternativa para tornar mais eficiente o transporte público.  Em julho de 2015, o edital de licitação foi aberto para concorrência. Poucos dias depois, foi suspenso pela Justiça.

Entre os questionamentos, critérios que estavam em desacordo com a lei municipal. O Executivo tentou alterar por meio de lei, mas a proposta foi rejeitada pela maioria dos vereadores. A administração entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) junto ao Tribunal de Justiça do Estado, que acatou o pedido e alterou a lei municipal. Mesmo com a mudança da lei, o mandado de segurança impetrado contra o edital segue em tramitação.

Durante a campanha eleitoral, Marcelo Caumo abordou o tema e disse, em entrevista ao A Hora, que a intenção é fazer a licitação do transporte coletivo, prevendo a criação de uma tarifa única para sair de uma zona até outra, com delimitação de tempo.

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